Fazer Cidade
Não é a arquitectura que faz a cidade. É a política. A Casa da Música não "fez" a Boavista. O Museu dos Coches não vai "fazer" (embora possa ajudar a desfazer...) Belém...
A arquitectura, seja ela qual for, beneficia de todas as "vantagens" (ou desvantagens...) associadas ou "inerentes" a uma localização mais "central" (ai, kualhas...) ou "privilegiada"...
À arquitectura, está bom de ver, pede-se apenas... que não atrapalhe...
Paulo Mendes da Rocha sabe disto como poucos. De Lisboa, de Belém, infelizmente, aparenta saber, ou melhor, ter compreendido, muito pouco. Lisboa não é São Paulo e o Museu dos Coches não é um daqueles (de resto óptimos) equipamento escolares "multi-funções" para "regrar"... favela... Lisboa, não precisa de ventosas e inóspitas praças cobertas por edifícios a-levantados do chão; de espaços exteriores indefinidos, frouxos e "negativos"; contrapostos (por violenta oposição) à pequena e modesta escala da "malha urbana" alfacinha. Lisboa, é bem verdade, é uma cidade de "confrontos" (violentos) e de contrastes entre o "monumento" (estou a pensar em São Vicente de Fora...) e o "anónimo", mas é também (e ainda...) uma cidade (triste...) de grande amabilidade e "doçura", que dispensa bem a auto-suficiência "visionária" (mas também autista e arrogante...) da starquitectura "irmã"...
Contra sonhos de arquitecturas (é p'rá amanhã...) que cantam amanhãs (e cito) "de maior generosidade", estou vacinado. Geralmente acabam mal... rejeitados... vandalizados... ou ainda pior, pervertidos na sua original "generosidade" por vedações e outros elaborados serviços de "video-vigilância" ao serviço de sabe-se lá quem...
São diferentes maneiras, eu sei, de "olhar" para a arquitectura... mas é que mal posso olhar para tanto "branco"... que mal posso olhar para tanto chão "cinzento"... e antes cego (é fodido) que iludido...
E não é qualquer R.C. que me vai convencer do contrário...