sexta-feira, outubro 10, 2008

Grave

Sim, parabéns. Mas porque é que é tudo tão "sério", "grave" e (sem gralha) "elemental"!? Será que a coisa não está mais para "complexo mortuário" que para "centro escolar"!?...

17 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"branco sobre branco" :)diz-lhe alguma coisa?

12:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro AM,

O que me move mais neste projecto é proporcionar um bom “suporte”, um bom “pano de fundo”, para as actividades que se vão passar aí, um bom “suporte” ao nível do espaço, luz, materiais, funcionalidade e que ao mesmo tempo se insira bem nesta paisagem. Depois de construído, espero que as crianças e professores façam o papel deles, usem o espaço, colem desenhos nas paredes, façam actividades, sujem o edifício… dêem-lhe a vida própria de um espaço com estas funções. Faz-me um bocado confusão muitos dos recentes jardins-de-infância serem sempre muito coloridos, parece-me que há alguma sobreposição de papéis. Penso que as crianças sabem muito bem ser crianças, não é preciso terem paredes de todas as cores para que o sejam...
Mas é apenas um ponto de vista, uma abordagem, veremos daqui a uns anos se realmente funciona ou não, mas estou confiante que sim.


um abraço,

Miguel M.

10:59 da manhã  
Blogger AM said...

olá miguel
mt obg
eu não desgosto (mesmo nada) do projecto, mas é que tem esse lado de excessiva seriedade que não me convence inteiramente
compreendo e partilho a tua visão da arquitectura como "suporte" para a vida, mas acho que isso não deve ser "ganho" à "custa" de alguns minimalismos mais redutores (redentores?) que o teu projecto, em toda a sua "modéstia" e "contenção", também "exibe"
também concordo contigo quando escreves sobre o uso "excessivo" e "fácil" da cor nos jardins de infância tugas mais recentes
o jardim de infância de Loures de Bárbara Delgado e João Manuel Santa Rita e (menos) o "Popular" no Cacém de Nadir Bonaccorso e Sónia Silva (ambos no JA 231) são dois bons exemplos disso mesmo
a minha crítica vai mais no sentido da possibilidade de re-pegar nas experiências do Hans Scharoun para o (complexo...) "complexo" escolar de Darmstadt (odp recomenda muito "firmemente" a leitura da monografia do Peter Blundell Jones na Phaidon) quer no que diz respeito ao espaço (interior e exterior) quer no que diz respeito à utilização da cor em equipamentos educativos
alguns exemplos desse tal minimalismo mais redutor em forma de perguntas:
quando estiver "mau tempo", e os "vãos" estiverem fechados, como é feita a ventilação e a renovação do ar? (não seria de procurar uma solução mais "fragmentada", e menos "simplista", com diferentes "folhas", apropriadas a diferentes "funções" – ventilar, arejar, espreitar para fora, passar "coisas", correr, etc.?)
onde e como funciona a iluminação artificial? (os renders são completamente omissos? não irá comprometer a "pureza" do teu projecto?
mas gostei de ver o projecto (também abusa de um certo "esquematismo diagramático" que era bom "ultrapassar"...) e em particular das paredes em tijolo (são não são?) "texturadas"
mas agora é que a coisa vai começar...
mt felicidades para a obra

12:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não esquecer que as imagens são “renders” de um concurso em fase de “estudo prévio simplificado”. Assim que o seu objectivo principal é comunicar o espaço, luz e materiais de um modo genérico.
Mas posso-te adiantar que as intenções são de que as janelas sejam naturalmente de diferentes folhas (não há orçamento nem interesse que sejam de outro modo..), que permitam ventilar naturalmente, etc. também não deverão tocar o chão mas antes terminar a uns 40cm do pavimento de modo a que se possam usar também como assento “informal”; as instalações deverão ficar todas à vista; a iluminação será com tubos de lâmpadas fluorescentes corridos transversais, a parede é para ficar com a textura do aparelho do tijolo (apenas pintada), etc, etc. Isto para dizer apenas que o que está ali nas imagens é apenas um “estudo prévio simplificado”. Agora eu e a minha equipa de engenheiros consultores esperamos pela assinatura do contrato para a “coisa” ir efectivamente para a frente.
obrigado pelo post e parabéns pelo blog realmente “independente”.

Miguel M.

1:58 da tarde  
Blogger AM said...

mt obg miguel
é o "risco" de divulgar as obras nesta fase
mais uma vez parabéns e felicidades para o muito trabalho que se adivinha

2:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Devo ser eu que não entendo muito destas coisas, mas aquelas janelas enfiadas naqueles mini-pátios não devem ventilar lá muita coisa. Para mim soa-me um pouco a demagogia sustentável...

vou olhar melhor o oprojecto para comentar mais qq coisa...

3:31 da tarde  
Blogger AM said...

pois não sei muito bem o que te diga quanto a isso carlos
eu já projectei e construí (cá mais em baixo) um pátio muito como aqueles, e não só ilumina muito bem como ventila normalmente
de qualquer maneira não sei sequer para que lado é o "norte" e de que lado é que o sol brilha (ou reflecte) naquelas salas
para demagogia sustentável, os eco-pop e companhia, temos melhores exemplos...

5:13 da tarde  
Blogger tms said...

caro am, sobre o teu post "oferece-me" dizer que nem tudo deve parecer o que é.
maria, não se precupe com o branco que os "utilizadores" tratam do assunto.
parabéns ao miguel!
abraços
tiago

5:52 da tarde  
Blogger AM said...

obg, tiago
nessa questão das "parecenças" não estou nada de acordo contigo
eu acho que uma casa deve parecer uma casa, uma escola deve parecer uma escola e assim sucessivamente
acho que essa "dimensão" (é um pouco como a quinta dimensão...) é uma (rica) questão que os arquitectos não devem de maneira nenhuma "alienar" da sua produção e/ou dos "horizontes" da sua "disciplina"
agora... como é que deve parecer uma escola que pareça uma escola é que é a questão...
não sei se neste caso em concreto foi uma preocupação, mas não me parece (outra vez) que tenha sido um ponto muito bem sucedido
e a questão, embora também pudesse ser, nem sequer é a da cor, mas mais a de saber jogar com certas expectativas... (e não estou a pensar ao nível mais "imediato" das - malditas!... - imagens...)
não esquecer que aquele edifício vai ser também uma espécie de "portão" (lá tá, a "quinta dimensão"...) para outra realidade... pedagógica
um ponto de encontro da comunidade
um espaço de crença nas instituições da democracia...
tão cerrado, tão fechado, tão "soturno" (vão-se os anéis...) que queres, faz-me impressão...

6:30 da tarde  
Blogger JFC said...

Parabéns ao Miguel pelo prémio e pelos preciosos esclarecimentos que deu; é evidente que um render (tal como uma maquete) de um estudo prévio são redutores (JFC desconfia de renders e maquetes) o importante é que, depois de construído, o edifício não queira parecer-se com um render ou uma maquete...; as explicações do autor (ah, como é bom constatar que, por vezes, uma palavra vale mil desenhos!) dão-me bué de esperança! Good luck Miguel!
JFC

6:36 da tarde  
Blogger AM said...

uma adenda à minha resposta ao comentário do tiago

noutros tempos chamava-se a isto o caracter ou a personalidade dos edifícios

estou com o JFC, as palavras do miguel puxaram (para cima) pelo projecto vencedor
(gostava de perceber a implantação... não há por aí uma plantazita perdida?...)

6:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

am:
tens razão quando dizes que demagogia eco-pop é o que mais para aí anda e que há outros exemplos porventura melhores, e é por isso que fiz essa critica. Este projecto não precisa desse discurso e por isso não o deve utilizar.

Dou os meus parabéns ao autor pelo prémio no concurso. Fico feliz que haja gente nova a começar a ganhar prémios e a ter divulgação, mas como tu —não neste caso pois CONCORDAMOS EM DISCORDAR— também estou a ficar um pouco amargo com tudo.

A verdade é que o projecto não me aquece nem me arrefece. É apenas uma espécie de "Aires Mateus passeou pela Suiça e acabou a desenhar em Portugal" e não consegue ser mais do que isso.

Não me tentem convencer de que são apenas renders, imagens, fase de anteprojecto, etc. O projecto ATÉ AGORA É APENAS ISSO e isso é o que devemos avaliar e comentar. Sabemos que de boas intenções está o inferno cheio e a velha desculpa de que "logo se vê" é uma das clássicas escapatórias da nossa profissão. Sei porque recorro frequentemente a ela...

Apenas alguns comentários rápidos. Não vi o projecto com muita atenção pois o filme que está a passar na televisão me consegue distrair um pouco mais.

Não concordo com a distribuição, por vários motivos. Por motivos pedagógicos não acredito que essa separação entre pré-escolar e ensino básico seja a melhor. O ensino nessa faixa etária deve ser urgentemente repensado e nós como arquitectos devermos ter um papel colaborante nisso. Aqui em Espanha o problema é o mesmo, talvez por isso tenha colocado o meu puto numa escola de educação livre... Talvez seja o que o cliente pede, mas claro que não há clientes perfeitos. Eu tenho o defeito de sempre olhar e responder a um concurso com uma visão critica e ser penalizado com isso —que fique claro que não entrei neste concurso— mas também já não ganho a vida a fazer arquitectura.

Segundo, a zona desportiva colocada no meio da peça não faz sentido nenhum por dois motivos: o ruido gerado por um monte de crianças na zona desportiva não consegue ser atenuado por mais isolamentos acústicos que utilizes —atenção que vai ser construido em Portugal!!!— e corta a possível relação com o exterior, local por excelência da prática desportiva, ainda por cima num entorno tão verde e saudável como esse.

O que menos me incomóda no meio de tudo é ser branco, apesar de discordar da "lógica minimalista escondida com o rabo de fora" de que as crianças farão o lugar. É um argumento falso pois as crianças pintarão aquilo de todos os modos, seja branco, azul, amarelo ou de outra cor. Simplesmente o autor gosta mais do branco —que outra cor consegue ser mais "stylish"!!!— e não teve tempo ou paciência para trabalhar outras opções. Assim os renders ficam mais bointos e demoram menos tempo a serem feitos.

Não gosto da proporção quadrada das salas. Estáticas, aborrecidas e com pouco potencial de adaptação a diferentes necessidades.

Anyway, não perdi muito tempo a pensar nisso pois é sábado à noite. Apenas um molho de opiniões absurdas no intervalo do filme da televisão... Podes contra-atacar se quiseres.... 1 tiro no porta aviões.


ps: se ainda fizesse as Novas Expressões talvez convida-se o Miguel Marcelino para publicar. Posso não gostar ou concordar, mas defendo a divulgação dos novos nomes... quem sabe, se olhar melhor para o projecto, até o consigo defender. jajaja

11:53 da tarde  
Blogger AM said...

vamos lá às horas extraordinárias... :)
concordo com muito do que dizes
é verdade que, e para citar o homónimo variações, o projecto não é "a oitava maravilha", mas ainda assim, parece-me bem melhor que a grande maioria da "jovem" arquitectura portuguesa
mateus re-passados pelos suíços é bem capaz de não andar longe da verdade, mas (e há sempre um mas) se quisermos, nós próprios pensar "criticamente" para além da crítica às cadernetas dos cromos locais, talvez possamos pensar com a ajuda daquela igreja do Kahn ou com o orfanato do Aldo Van Eyck
acho pertinente a tua crítica à "posição" da "polidesportivo", sem possibilidade de outro tipo de articulação com eventuais espaços exteriores que eu também ainda não sei se existem (ou se podem vir a existir)
não tanto pela questão acústica (duas paredes e o corredor são capaz de dar conta do recado), mas mais por causa do "conceito" da circulação em "deambulatório" à volta do espaço desportivo
à primeira (dia, semana, mês...) a coisa até pode ter a sua piada, mas acho uma experiência espacial algo pobre, monótona e repetitiva (vire-se para onde virar são sempre os mesmos corredores com uma escapatória visual de x em x metros)
também concordo com a tua crítica à falta de riqueza, mais uma vez de variedade, das salas de aula
foi muito por isto tudo da "repetição" do e-feitos que recordei, e chamei aqui para a mesa redonda desta caixa de comentários da minha tasca, o notável "ensaio" do Scharoun para Darmstadt
o mais divertido disto tudo é o resumo da acta do júri no boletim da OA
a despropósito (e só para verem como é pequenito o mundo da arquitectura no Portugal dos pequenitos…) o nuno brandão costa fez parte do juri... :)

1:22 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Am e miguel :)
Gosto da zona desportiva como coração da escola :)o acesso é que talvez deva ser redimensionado e repensar duplicar as saídas de emergência :)

Qt à cor é o menos só que estamos em Portugal :) e o branco é uma cor muito cara e cativa :):):)

Miguel parabéns pela sua abertura :)desejo-lhe felicidades :):)
ao Am por receber na sua casa :)

1:07 da tarde  
Blogger AM said...

eu gosto dos tijolos pintados, mas a manutenção, como diz a maria, não é a mais económica
(cada vez que arrancarem um desenho da parede lá vai um bocado da tinta...)
a indústria tem tijolos clarinhos...

se mais ninguém quiser comentar, resta-me dar a posta por encerrada e agradecer a todos os que participaram pelos vossos comentários

8:14 da tarde  
Blogger JFC said...

Mestre, eu quero comentar ainda umas coisitas:

1-em boa hora relembraste Kahn; existem no desenho da escola algumas ressonâncias, sobretudo da primeira versão da First Unitarian Church (templo central com deambulatório pontuado por espaços/salas de aula destacados uns dos outros); curiosamente, no projecto final, Kahn 'soldou' estes espaços sem que com isso o projecto inicial tivesse perdido o carácter; Miguel Marcelino não está preso a nenhuma camisa de 7 varas, a sua idei...perdão, a sua articulação conceptual (o que a escola quer ser, como diria Kahn) é suficientemente forte para resistir.

2- é problemática e ao mesmo tempo interessantíssima a localização do campo de jogos (a sala de culto na Unitarian Church) no 'core' do edifício; faltam-me elementos para tecer mais considerações (é coberta? ha lugar para assistência quando houver jogos entre a miudagem?) uma coisa está ganha: não teremos mais um campo/terraplanagem exterior vedado por execranda rede;

3- a escola de Sharoun, e a 'vontade indómita' que lhe está subjacente de adaptar cada espaço a cada estágio de desenvolvimento infantil (meu Deus! quanta asneirada não fizeram arquitectos arvorados em pedagogos coadjuvados por psicólogos arvorados em arquitectos...) não me parece que seja a epístola mais profícua para o irmão Marcelino...Lembra-te da parábola da luva de cinco dedos e do 'mitten'; irmãos, oremos...

4-como já dissse (e apesar de saber que no júri estava um eminente maquetista, membro honorário do clube de maquetismo nacional ao qual preside MM-Maquetes Lda) tenho esperança que venha ser construida uma escola e não a maquete (em tamanho natural) de uma escola.

8:41 da tarde  
Blogger AM said...

irmão

outro comentário como este e candidatas-te à (imediata) canonização pela congregação da causa dos santos da arquitectura
odp, à semelhança do santo Vitrúvio, é um devoto politeísta
tanto ajoelha no altar consagrado aos "underrated" VSBA como presta culto a outros santos menos conformes aos ditames dos diversos concílios da igreja moderna
para odp, são mais os "laços" que as pontas soltas, entre os abençoados paramentos da "mitten" e a Obra do irmão Scharoun...
não é, aliás, desprovido de graça, o estudo do escolástico irmão Stanislaus, que regista o "paralelismo" entre a melhor escola do "empiricismo" nórdico do santo Aalto (não confundir com o "desvio" herético do mais recente espiritismo nórdico dos espirituosos BIG & Co.) e a Obra do virtuoso de Filadélfia
eu sei que tudo isto é um pouco vago e rebuscado, talvez mesmo pouco rigoroso, para os guardiães dos hábitos da "ordem" nas gavetas da nossa querida biblioteca (do nosso querido convento tecnológico), mas a fé na arquitectura, irmão JFC, exige de nós, humildes devotos, levitações epistemológicas...

10:09 da tarde  

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