O "novo" JA (é impressão minha, ou o JA, é sempre "novo", está sempre a "renovar-se"...) lá mantêm o hábito, lá faz o favor, de publicar "meia dúzia de arquitectura" (menos coisa, menos coisa), em projecto, em obra, ou, mais raramente, em "efectividade de funções". (E como seria interessante esperar meia dúzia de anos, antes de tirar as fotografias, e antes de publicar os trabalhos...)
Desta vez, e a propósito do tema da "morada", a coisa calhou (se não é ao calhas parece), do seguinte modo:
Um prédio de rendimento em Berlim com uma elegante fachada transparente e bonita (q.b.), e com uns apartamentos sem grande história, nos quais julgaram por bem destacar (com plantas legendadas e com fotografias), a "banheira móvel" (não se riam, que isto é sério)...
Eu fiquei logo a imaginar a banheira móvel, a zarpar pelas escadas, e a fazer-se à vida, a fazer-se à estrada... e o "banhista" - aflito - vestido, apenas, com a "espuma e a touca", e com o inevitável leitor de mp3 a bombar... Bum, Bum, Bum... Wagner!
Por comparação, e assim como assim, parecia-me interessante que o JA, propriedade da Ordem dos Arquitectos Portugueses... publicasse o Proj do Arq, Taínha, vocês sabem, aquele da "Casa Garret" que andou nas bocas do mundo... Quando o vi na revista Arquitectura e Vida, não me pareceu (muito pelo contrário) menos interessante que o (proj.) de Berlim agora "escolhido". Podia ser uma forma de "abertura" à dita "sociedade civil", de afirmação e defesa da profissão, de "debate interno"... sei lá, aquelas coisas que se costumam dizer.
Continuando lá por fora, que as vocações internacionais são bonitas e não se largam (como os vícios) com facilidade, e passando do Euro Chiq, para o não menos Chiq, terceiro mundo, segue um "projecto evolutivo" para o Chile.
Desejam-se as melhoras, à evolução.
De regresso à metrópole lisboeta, e ainda antes de aterrarmos no (ainda) aeroporto da portela, espreitamos à janela, para ver a vista aérea (da maqueta do projecto) do Lt 5 do edifício metropolis, em Alvalade, LX, dos ARX.
Para além de duas boas fotografias da bonita maqueta, o projecto é explicitado:
a) com gráficos do "código genético" (Genetic Code, no original) e do "diagrama interior" (Interior Diagram, no original), conforme tradução (e, pelo inglês, vê-se logo que chegámos a Portugal...) do arquitecto-taxista, que nos "apanhou" à saída do aeroporto;
b) com planta de implantação (o que, de útil, e de raro, se saúda) e com um corte transversal, que só serve para ficar a saber - coisa fundamental - que o edifício tem três pisos em cave para estacionamento automóvel;
c) com as plantas do "Piso Tipo" e do "Piso 7", que mostram o arranque para uns "duplex", que ficamos sem saber como funcionam, por omissão (da publicação) da planta do piso 8, que até "cabia" perfeitamente no papel...
Passando da habitação multifamiliar da capital para as moradias unifamiliares do turístico Algarve, estacionamos (obrigado, colega) à porta de duas casas na serra com projecto de Ricardo Bak Gordon. À porta, não, quero dizer... que as casas, obviamente - que vulgaridade - não têm porta. Nem porta nem telhado (outra vulgaridade), nem... nem... quase nada... nem quase tudo. Falta-lhes certamente "riqueza", a "riqueza" dos múltiplos sentidos (poéticos, se quiserem), da oferta da possibilidade em habita-las de diferentes maneiras, reduzidas, como estão, ao "minimalista, mais minimalista, não há"... mas como há quem goste, e muito, de "virgens brancas" (frígidas, no caldeirão?), passo à frente...
... ou talvez não, que isto até parecem existir mais virgens brancas em Portugal, que no céu muçulmano, e eu não me estou a referir ao meu querido monumento (o que é nacional é meu) em honra das 11 mil delas.
Estou a referir-me ao quinto e último (afinal são cinco) projecto da série, do número dois, dois, quatro... do JA. Sem mais delongas, de estilo (virtual), à Residência Universitária II, do Polo II da Universidade de Coimbra, dos Arq. Carlos Martins & Elisiário Miranda.
Até fui ali à prateleira recuperar a Arquitectura & Construção N. 38 de Agosto/Setembro, para reler o que o Paulo Martins Barata do Promontório escreveu sobre os "grandes planos contínuos de alvenaria branca em edifícios de dois ou três pisos (...) que vão rebentar por todos os lados se não existir um ponto de descarga para a dilatação."
E nem um "soco", nem um rodapé, nem uma "alheta" (punheta)... naquela fachada norte... ora venham de lá os... "tags" RFA... da "estudantina-tina-tuga".
Pobres estudantes, já não lhes bastava a "loira-burra". (Se não souberem qual é... comentem.)
E "prontos"!
Uma mão cheia de projectos e obras de mão cheia, criteriosamente seleccionados e melhor divulgados, para maior gloria da classe.
Ah... e para além dos projectos/obras, também temos direito a uma reportagem fotográfica muito apropriada, e "prenhe" de estilo, como muitas fotografias enubladas, ou não fosse essa (a "nebulosidade") a nossa presente condição...
... e algumas outras coisas que já esqueci.