Viagens no Meu País
(i) saw a young indonesian girl - possessed by the spirit of mutant ninja turtles
Strange ritual, David Byrne
Venho do país invisível. Da margem esquerda da propaganda, nas televisões e nos semanários de fim-de-semana com... suplementos. Dos territórios peri-urbanos (que feio) e das conurbações rurais (ainda pior) das... "quintinhas". Das traseiras dos montes desmanchados e lisbonificados, com rodas de carroça e lanternas "D. João V", electrificadas. Das casas por uma vez "arranjadas" (com a reforma da Alemanha). Dos velhos cibernéticos e super éticos, com chip's, infiltrados, na cabeça. Dos cães (hurra!) rafeiros, que comem arroz branco, numa telha de barro. Das galinhas que, tão somente, debicam, ou são (pelos galos) debicadas. Das hortas mal cuidadas, e das figueiras e das oliveiras (sem exagero...) milenares. Da berma da estrada, com "os cães de quinta-feira", abandonados (momento Brigitte Bardot da arquitectura...) para morrer. Das "estações de tratamento", iluminadas, como Cape Canevaral. Do hospital, no centro histórico, decadente. Das casas todas, sem qualidades estéticas, ou, mais grave, construtivas, e da relíquia renascentista, ignorada. Das bancadas de granito e das cozinhas... em madeira. Das TV's por cabo e das fotografias digitais das férias no Nordeste - brasileiro, "que é mais barato". Das consolas multimédia e dos telemóveis 3G. Das namoradas modernas (vivem juntos...), despidas como a Shakira (ou como uma prostituta do Kazakistão num filme do Borat). Do jovem "tuning" na "máquina" (pimba) vermelha a conduzir a avozinha de lenço e de luto, no lugar, do morto. Das discotecas de "interior" com um consumo mínimo de 150 Euros. Do artesanato pós-moderno. Do jornal 24 Horas largado no corredor. Do dirigente sindical (há quanto tempo...) a atravessar a passadeira ao pé da igreja da capela... Do monumento funerário.
Strange ritual, David Byrne
Venho do país invisível. Da margem esquerda da propaganda, nas televisões e nos semanários de fim-de-semana com... suplementos. Dos territórios peri-urbanos (que feio) e das conurbações rurais (ainda pior) das... "quintinhas". Das traseiras dos montes desmanchados e lisbonificados, com rodas de carroça e lanternas "D. João V", electrificadas. Das casas por uma vez "arranjadas" (com a reforma da Alemanha). Dos velhos cibernéticos e super éticos, com chip's, infiltrados, na cabeça. Dos cães (hurra!) rafeiros, que comem arroz branco, numa telha de barro. Das galinhas que, tão somente, debicam, ou são (pelos galos) debicadas. Das hortas mal cuidadas, e das figueiras e das oliveiras (sem exagero...) milenares. Da berma da estrada, com "os cães de quinta-feira", abandonados (momento Brigitte Bardot da arquitectura...) para morrer. Das "estações de tratamento", iluminadas, como Cape Canevaral. Do hospital, no centro histórico, decadente. Das casas todas, sem qualidades estéticas, ou, mais grave, construtivas, e da relíquia renascentista, ignorada. Das bancadas de granito e das cozinhas... em madeira. Das TV's por cabo e das fotografias digitais das férias no Nordeste - brasileiro, "que é mais barato". Das consolas multimédia e dos telemóveis 3G. Das namoradas modernas (vivem juntos...), despidas como a Shakira (ou como uma prostituta do Kazakistão num filme do Borat). Do jovem "tuning" na "máquina" (pimba) vermelha a conduzir a avozinha de lenço e de luto, no lugar, do morto. Das discotecas de "interior" com um consumo mínimo de 150 Euros. Do artesanato pós-moderno. Do jornal 24 Horas largado no corredor. Do dirigente sindical (há quanto tempo...) a atravessar a passadeira ao pé da igreja da capela... Do monumento funerário.
4 Comments:
bem vindo a portugal.
mas não nos enganemos.
há que ter tomates para o transformar.
estamos cá para isso.
já não vale a pena sermos cínicos.
nesta profissão ill faut gostar das pessoas.
em 15 dias, nestes últimos 15, já apanhei banhos de humildade, sageza e sabedoria, com empreiteiros "Das TV's por cabo e das fotografias digitais das férias no Nordeste - brasileiro, "que é mais barato". Das consolas multimédia e dos telemóveis 3G. Das namoradas modernas (vivem juntos...), despidas como a Shakira (ou como uma prostituta do Kazakistão num filme do Borat). Do jovem "tuning" na "máquina" (pimba) vermelha a conduzir a avozinha de lenço e de luto, no lugar, do morto.", do que com toda a bidimensionalidade (aquilo n vai mais além) dod manos guerras ou dos barrigas dos arquitectos ou publicações e eventos-croquete das ordens ou da vida embrulhada em papel celofane.
acredita. cada vez gosto mais desta merda. apesar de tudo. (e olha que este tudo é muito fodido).
obg, joão
se calhar, por não saber escrever, não me soube fazer expressar
eu amo esta gente, é a minha gente
é o povo, e eu sou do povo
foram estes que se fizeram às descobertas, os cagões ficaram no paço a intrigar
se eu quisesse tornar a coisa mais pessoal até acrescentava umas tantas
a realidade é fodida (e feia)
esta pobreza é também a nossa única riqueza
mas isto tudo é também o retrato de um mundo dito rural que está a dar as últimas... o mundo das hortas abandonadas e das "internetes" portáteis
o que é que estamos a perder e o que é que estamos a ganhar com esta "transformação"...
a imagem do neto tuning e da avozinha "capuchinho" no lugar do morto não me larga
o ruído, a ternura...
a vida é (não é?) para todos
o vinho pelo menos é bom
"o vinho pelo menos é bom"
Desculpa, mas pelo preço, é uma boa m....
Quanto ao resto, estamos de acordo:
"cada vez gosto mais desta merda".
Um abraço
nã, nã, nã F.
o vinho era mesmo muito, e muito bom, tão bom que não deixou mazelas
adega da cartuxa e outros que tal da EA (passe a publicidade) que não me pagam, nem me dão me beber, para isso
outro
o formiga em grande forma
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