Descolar do Planeta Niemeyer *
Irritante hagiografia do santo comunista Niemeyer, que projecta para os ricos e dá aos pobres, no Ípsilon do Público de hoje.
Irritante artigo de Ana Vaz Milheiro, sobre "o maior arquitecto vivo do século XX", sobre "o homem que mudou a arquitectura duas vezes", sobre um dos "poucos arquitectos que provocam inflexões no modo de pensar a profissão", e sobre "a revolução (nos anos 40)" da "artisticidade da arquitectura" que "desencadeará a mudança necessária" (itálico meu) e que "antecipa o arquitecto autor", por contraste com "a arquitectura de seriação", e por contraste com a arquitectura da "nova objectividade" (descrita como a "escola alemã" de fazer "edifícios higiénicos"...)
Niemeyer não foi (não é) nenhum santo milagreiro "anti-seriação", que faz edifícios, enfim - digamos assim... - menos "higiénicos". Niemeyer não é herói revolucionário na "causa" da livre expressão dos "autores". Arquitectos "artistas" (como os chapéus...) há muitos... antes e depois de Niemeyer e a "seriação" não é (nem nunca foi...) "inimiga" ou contrária aos trejeitos dos mais jeitosos dos artistas...
O "maior" arquitecto vivo do século XX, o arquitecto que "inflectiu" o "modo de pensar a profissão", foi (é) o Robert Venturi!
Irritante filiação (ah, "filha da prática"...) da "teoria" (pós-funcionalista...) das "formas relevantes" do Kualhas na obra do Brasileiro e a "confissão de adolescente" (via "Folha de São Paulo") que "aos 12 anos (o holandês) queria ser um arquitecto brasileiro."
Dou razão ao Jorge Figueira: "Este é também o problema do legado de Niemeyer que o ilimitado orgulho brasileiro não tem permitido "criticar".
"O homem que desenhou a paisagem com lápis, foice e martelo" (capa do Ípsilon...)
Tenham dó...
Quanto à obra... tem dias... a maior parte, aquelas mais "recentes", em forma de "empada" voadora, "very 50's" e muito "Jetsons", não me interessam mesmo para nada... mas isso deve ser porque não estou rendido aos encantos das icono-gráficas (nunca uma palavra soou tão apropriada...) "formas relevantes"...
* O título da posta é roubado a uma crónica do MEC no extinto jornal Blitz intitulada "Descolar do Planeta Lennon" (bem) escrita por ocasião de outra "celebração"...
Irritante artigo de Ana Vaz Milheiro, sobre "o maior arquitecto vivo do século XX", sobre "o homem que mudou a arquitectura duas vezes", sobre um dos "poucos arquitectos que provocam inflexões no modo de pensar a profissão", e sobre "a revolução (nos anos 40)" da "artisticidade da arquitectura" que "desencadeará a mudança necessária" (itálico meu) e que "antecipa o arquitecto autor", por contraste com "a arquitectura de seriação", e por contraste com a arquitectura da "nova objectividade" (descrita como a "escola alemã" de fazer "edifícios higiénicos"...)
Niemeyer não foi (não é) nenhum santo milagreiro "anti-seriação", que faz edifícios, enfim - digamos assim... - menos "higiénicos". Niemeyer não é herói revolucionário na "causa" da livre expressão dos "autores". Arquitectos "artistas" (como os chapéus...) há muitos... antes e depois de Niemeyer e a "seriação" não é (nem nunca foi...) "inimiga" ou contrária aos trejeitos dos mais jeitosos dos artistas...
O "maior" arquitecto vivo do século XX, o arquitecto que "inflectiu" o "modo de pensar a profissão", foi (é) o Robert Venturi!
Irritante filiação (ah, "filha da prática"...) da "teoria" (pós-funcionalista...) das "formas relevantes" do Kualhas na obra do Brasileiro e a "confissão de adolescente" (via "Folha de São Paulo") que "aos 12 anos (o holandês) queria ser um arquitecto brasileiro."
Dou razão ao Jorge Figueira: "Este é também o problema do legado de Niemeyer que o ilimitado orgulho brasileiro não tem permitido "criticar".
"O homem que desenhou a paisagem com lápis, foice e martelo" (capa do Ípsilon...)
Tenham dó...
Quanto à obra... tem dias... a maior parte, aquelas mais "recentes", em forma de "empada" voadora, "very 50's" e muito "Jetsons", não me interessam mesmo para nada... mas isso deve ser porque não estou rendido aos encantos das icono-gráficas (nunca uma palavra soou tão apropriada...) "formas relevantes"...
* O título da posta é roubado a uma crónica do MEC no extinto jornal Blitz intitulada "Descolar do Planeta Lennon" (bem) escrita por ocasião de outra "celebração"...
7 Comments:
é pá, ainda n li os textos, mas diria, somos uns incompreendidos, com esta vocaçao venturiana. abençoado manuel vicente que me abriu os olhos enquanto foi tempo.
olá joão
vale a pena ler o "cocktail" da AVM
pelo venturi, não vale a pena repetir, tenho uma grande admiração
é pá, dizem que a vocação do betão é a curva, eu não sei se é, o que eu sei é que o Niemayer é brasileiro, e ser brasileiro é mesmo aquilo: não dá para um tipo pensar muito sobre aquilo que faz, o clima não ajuda, as mulheres são bonitas, as bundas são curvas, os pobres são pobres, o uisque é escocês...e por aí o fora. À sua maneira (e sem consciência disso)o tipo lá fez, com as curvas, a crítica possível à ortodoxia modernista. Agora não lhe peçam para esgravatar complexidades e contradições. Puxa cara, bom mesmo é passar uma tarde em Itapoan...
JFC
caro JFC
... e foi a crítica possível (à ortodoxia modernista), tipo, e foi a "entrevista possível"... mas eu não sei se concordo com nada disso... a arquitectura de Niemeyer é crítica, ou é parte da, "ortodoxia"? e já agora o que é a ortodoxia?... as "rectas" são ortodoxas e as "curvas" são críticas... será isso? mas nesse caso é tudo muito "poucachinho"... O.K. não dá para esgravatar complexidades, e eu até percebo o fascinio do vulgo (ver postas no arrastão ou no blasfémias, por exemplo), mas de uma "expert(a)" como a AVM, quero mais (quero muito mais...) que o discurso hagio-grafico...
bem, agora obrigaste-me a ir à prateleira de cima buscar o evangelho da complexidade; e isso pq me lembrava vagamente desta passagem, ora toma nota: 'prefiro os elementos hibridos aos "puros", os comprometidos aos "limpos", os *distorcidos* aos "rectos"'; Ou me engano muito ou, para o teu mestre, as curvas são mesmo criticas e as rectas ortodoxas...e, já agora, se queres saber o que é a "ortodoxia" moderna não me perguntes a mim, perguta-lhe a ele,que não ha capítulo em que não fale dela;é claro que muito haveria q dizer sobre a 'narrativa' venturiana: finíssima, elegante, actualíssima mas...apenas mais uma das narrativas possíveis,mais uma ficção entre tantas outras; já quanto à AVM,não li o público ( n devo ter perdido grande coisa...)mas vou mandar o meu bitate: numa revista de arquitectura, sim, é de exigir mais do que uma hagiografia, no público...é pa, o coração perdoa...: numa coisa o nosso velhinho tem razão, mediocridade activa é uma merda!: http://www.youtube.com/watch?v=3LdoT-XDnLk&feature=related
JFC
O tabuleiro da baiana tem...
não tenho a BIBLIA à mão... e eu só li o EVANGELHO no original, em inglês...
mas...
para o VENTURI as únicas curvas críticas são as da DENISE (e tudo o resto é lá entre eles que entre marido e mulher ninguém mete o AutoCad)
A "teoria" (cito Colquhoun) da "complexidade e contradição" não tem nada a ver com "curvas" e "cenas maradas" por dá aquela palha... e quem não percebe isto, ou não leu o livro, ou não conhece a bibliografia mínima sobre o "meu MESTRE"...
opor os "distorcidos" aos "rectos" não corresponde a opor as "curvas" do Niemeyer, às rectas da "ortodoxia"
O que não faltam são "curvas" na arquitectura moderna, antes e depois - repito da posta - do "velhinho"
serão "ortodoxas", ou por "antecipação" (mas, ao quê?...) "curvas" de "autor"!?
(estou a pensar nas primeiras "curvas" do Scharoun, mas até o Mies desenhou umas paredes curvas, porra!...)
Por outras palavras... não é por desenhar às "curvas" que o Nieneyer deixa de ser "ortodoxo" (e não estou a falar de política...)
sobre a "escrítica" de AVM no (e para) o grande Público, não vale a pena dizer mais nada
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