A Canga Ideológica (desenhos politicamente comprometidos)
Contudo, também nesta época, muitos projectos foram sendo bloqueados, por serem considerados "muito radicais". É o caso da proposta de Celestino de Castro, Huertas Lobos (1914-1987), Hernâni Gandra (1914-1988), Francisco Castro Rodrigues (1920) e João Simões (1908-1994) para a Avenida dos Estados Unidos da América. Mas outros projectos foram sendo bloqueados por motivos mais "ideológicos".
Tiago Mota Saraiva, no pasquim da OA, Setembro
Surge, de quando em quando, com frequência crescente de algum tempo a esta parte, a questões de saber se a liberdade de expressão no campo da arquitectura sofreu efeitos repressivos durante o Estado Novo e se o fazer moderno ou "português suave" era uma opção pessoal, uma questão de estilo, e se o desenho é politicamente neutro e que não houve censura e sobre tudo isto se estende o véu do branqueamento.
A resposta está escrita na vida do Celestino. Os blocos que, juntamente com Huertas Lobo, João Simões, Hernâni Gandra e Francisco Castro Rodrigues, projectou para a Avenida dos Estados Unidos em Lisboa, foram rejeitados pela carga ideológica que cada traço do seu desenho continha: a generosidade das galerias e dos espaços comuns a sugerir convívios, os duplexes e novas concepções da vida familiar, o humanismo e a globalização das ideias, continham, para o poder instalado, perigosos germes de subversão que seria necessário eliminar.
Francisco da Silva Dias, Idem
Longe de mim, longe da minha ideia (os mais antigos e mais "fieis" que me defendam...), querer alimentar polémicas estéreis ou embarcar em derivas revisionistas, mas, então, que querem, a campainha (rente aos tímpanos...) da honestidade (e da liberdade) intelectual...
Já pensaram, os camaradas, que a "radicalidade" e a "generosidade das galerias e dos espaços comuns a sugerir (que subversivo!) convívios" possa ter sido "indeferida" - normalmente a "generosidade" paga-se... - por motivos bem mais prosaicos que os "ideológicos". Afinal de contas, o que não falta na arquitectura portuguesa do pós-guerra, são patamares "generosos", como por exemplo e por recordação, os geniais "patins" - não estou a exagerar... - das "torres" do Teotónio Pereira nos Olivais. (E não me consta que o Teotónio fosse menos - digamos assim - menos "empenhado" na "luta"...)
"Carga ideológica" em "cada traço do seu desenho"? Que exagero. Que dramáticos... que contraproducentes... (Ah, já me esquecia, pregar aos convertidos!...)
Só mesmo para terminar... Não foi o radical Bloco das Águas Livres, com "galerias" (nas traseiras...), lavandarias comuns (comunistas!) e um generosíssimo e convivêncial "lobby", construído por encomenda de uma capitalista agência seguradora para a mais acomodada das burguesias bem remediadas?... Ai que saudades do professor Toussaint mais dos seus "obstáculos epistemológicos"...
Tiago Mota Saraiva, no pasquim da OA, Setembro
Surge, de quando em quando, com frequência crescente de algum tempo a esta parte, a questões de saber se a liberdade de expressão no campo da arquitectura sofreu efeitos repressivos durante o Estado Novo e se o fazer moderno ou "português suave" era uma opção pessoal, uma questão de estilo, e se o desenho é politicamente neutro e que não houve censura e sobre tudo isto se estende o véu do branqueamento.
A resposta está escrita na vida do Celestino. Os blocos que, juntamente com Huertas Lobo, João Simões, Hernâni Gandra e Francisco Castro Rodrigues, projectou para a Avenida dos Estados Unidos em Lisboa, foram rejeitados pela carga ideológica que cada traço do seu desenho continha: a generosidade das galerias e dos espaços comuns a sugerir convívios, os duplexes e novas concepções da vida familiar, o humanismo e a globalização das ideias, continham, para o poder instalado, perigosos germes de subversão que seria necessário eliminar.
Francisco da Silva Dias, Idem
Longe de mim, longe da minha ideia (os mais antigos e mais "fieis" que me defendam...), querer alimentar polémicas estéreis ou embarcar em derivas revisionistas, mas, então, que querem, a campainha (rente aos tímpanos...) da honestidade (e da liberdade) intelectual...
Já pensaram, os camaradas, que a "radicalidade" e a "generosidade das galerias e dos espaços comuns a sugerir (que subversivo!) convívios" possa ter sido "indeferida" - normalmente a "generosidade" paga-se... - por motivos bem mais prosaicos que os "ideológicos". Afinal de contas, o que não falta na arquitectura portuguesa do pós-guerra, são patamares "generosos", como por exemplo e por recordação, os geniais "patins" - não estou a exagerar... - das "torres" do Teotónio Pereira nos Olivais. (E não me consta que o Teotónio fosse menos - digamos assim - menos "empenhado" na "luta"...)
"Carga ideológica" em "cada traço do seu desenho"? Que exagero. Que dramáticos... que contraproducentes... (Ah, já me esquecia, pregar aos convertidos!...)
Só mesmo para terminar... Não foi o radical Bloco das Águas Livres, com "galerias" (nas traseiras...), lavandarias comuns (comunistas!) e um generosíssimo e convivêncial "lobby", construído por encomenda de uma capitalista agência seguradora para a mais acomodada das burguesias bem remediadas?... Ai que saudades do professor Toussaint mais dos seus "obstáculos epistemológicos"...
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