quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Info-Excluídos ou A Arte da Sobrevivência

"Em Portugal, ao contrário do que por aí se possa pensar, é de péssimo tom, e infinitamente inconveniente, ter ideias. E quanto mais concretas essas ideias forem, maior será o problema. Em Portugal há que ter é ambições e objectivos, ou se quisermos ser mais francos interesses. É só isso que conta. A arte da sobrevivência implica nunca, jamais, haver qualquer tipo de comprometimento com esta ou aquela questão, em concreto. O que interessa sempre são os grandes princípios, as grandes linhas. Em tese isto até não seria mau, mas é. Porque por incompetência, ignorância ou cobardia, e é só escolher, os decisores políticos desde há muito que se demitiram de serem eles verdadeiramente a tomar as decisões. São tudo questões técnicas (...) O drama desta tecnocracia de fachada é que serão poucas ou mesmo nenhumas as questões realmente complexas que não possam ser decompostas em questões simples e de fácil compreensão, e serão ainda menos as questões tão 'elevadas' que necessitem da principesca e generosamente paga assessoria de sociedades de advogados e grandes consultoras ao estado. Sendo poucas ou nenhumas, só são usadas, quer para fazer escorrer dinheiro para 'fora', quer porque tendo nós governantes que na prática são analfabetos funcionais estes não percebem nada de nada. E não falo das grandes questões 'técnicas', falo da mais elementar cultura geral..."

Manuel na GLQL