terça-feira, janeiro 31, 2006

Experimentação Constante

Por (des)propósitada coincidência, a entrevista de MGD à Única do passado sábado 28 de Janeiro, "fala", entre outros (e mais importantes) assuntos sobre o "estilo" de alguns arquitectos, que no dia anterior, também por aqui, tinham sido chamados à baila...
Sobre o Siza:
"Tem uma espécie de vocabulário-padrão, mas que depois põe sempre ao serviço de situações novas. Há obras que são identificáveis, o que não significa a identificação de esquemas."
Sobre o Ghery:
"Detesto o arquitecto da fórmula. como o Ghery, por exemplo, que já está a entrar num academismo de si próprio."
Ainda num número não muito antigo do JA, MGD, identificou outros e creio que mais apropriadas figuras para esta "doença". No caso da "nomeação" do Ghery, penso que se trata do efeito da saturação "Pós-Bilbão". Mas o MGD, se contemporâneo do Gaudi, diria o mesmo da Casa Milà, depois da Casa Batlló...
Essa ideia da "experimentação constante" é muito bonita, mas para além de ser historicamente minoritária (quantos arquitectos - para além de Le Corbusier - desenvolveram mais do que um "estilo"?) muitas vezes não passa de um álibi para a "inconsequência" estilística e para a incapacidade de "repetir" e explorar os "limites" de uma determinada pesquisa, como muito bem o faz Siza Vieira.
Algumas das coisas que hoje nos parecem muito diferentes serão no futuro vistas como muito semelhantes, que o tempo rasura todas as diferenças... como fez aos "antagónicos" (hoje ambos "barrocos") Bernini e Borromini.