segunda-feira, janeiro 09, 2006

Ábalos & Herreros

No JA, duas respostas a duas perguntas consecutivas.
Na primeira manifestam um desprezo pelo detalhe: "confiar que o detalhe pode gerar singularidade é enganador".
Na segunda, reclamam-se herdeiros de arquitectos como Mies Van der Rohe, "interessados em formas de trabalhar que contenham em si algo de universal".
Estranho.
Eu já não regresso à famosa frase sobre a presença de Deus no detalhe... mas e mesmo sem pretender negar a vocação do espaço universal na arquitectura de MVDR, não será do confronto deste "universal" com o "local", com os detalhes do concreto, que a força das suas obras emerge?
Na casa Farnsworth a decisão de levantar o chão (da casa) do chão (da terra) exprime essa universalidade, mas a proximidade de um lago (ou um pântano, ou lá o que é... rio Fox?) justifica uma leitura "local", "site specific"...
Outros exemplos haverá... mesmo em obras aparentemente "alheias" aos(s) seu(s) contexto(s).
É por isto, que, se não estou enganado, penso que estão enganados. Podem (e devem) confiar no detalhe para gerar singularidades, no plural... é que já agora justifica-se.