Este Kent é um bocado estranho. Um mix de Boullè, Miguel Ãngelo e Rafael da escola de Atenas.
Os pintores é que não têm a sorte que nós temos. Têm crises, não sabem o que fazer, etc...Nós temos o problema sempre bem definido; uma escola, uma moradia. Em último caso aplica-se o rgeu. Eu sei que o mestre V. não deve concordar mt com isto
olá S. este interior é mesmo um pouco estranho (para nós, habituados no hábito "moderno"...) o Boullée não o Kent vai, dura (obg wiki), de 1685 a 1748 (o B. só nasce em 1728 - o que quer dizer que tinha 20 anos quando o K. morreu...) não concordo com isso dos pintores slash arquitectos os pintores é que têm a sorte toda... não sabem o que pintar, bom remédio, não pintam os arquitectos não podem dizer: não sei o que (como) fazer... daqui a uns tempos volto cá e logo faço o proj. pois... uma tipologia, "uma escola, uma moradia", não chega para (bem) definir o "problema" (o "problema" começa todo a seguir a todas as definições...)
eu de pintura (como de quase tudo) percebo pouco, mas depois da ref.ª resolvi olhar (e ver) o fresco do fresco do Rafael adorei a maneira como aqueles dois corpos sentados cá em baixo nos degraus "fazem", reforçam, a perspectiva (sendo um deles nem mais nem menos que...) adorei o "nível" (pela cintura dos de pé) da "linha de fuga" a representação arquitectónica é mais pictórica que outra coisa mas também gostei curioso a repetição destes hexágonos (contraditoriamente) "oblongos" no Rafael, no Kent, no Melnikov e - lembrei-me depois... - na cúpula de San Carlo alle Quattro Fontane ("entalados" entre os octogonos e as cruzes gregas...) acho que hoje (e manhã, e depois) vai tudo correr ao ODP para ler isto...
A propósito de Arquitectura pictórica e perspectiva também gosto muito do Casamento da Virgem do mesmo Rafael.Não me parece que fosse possível construir aquilo no tempo de Rafael. Mas não será a pintura de Rafael que é arquitectónica?
Os pintores também têm que comer. Não podem andar por aí a mandar os clientes à fava :))).
Quanto ao Boullée,pode ser que tivesse visto o Kent antes dos 20. Talvez ambos tenham visto o Piranesi
era possível o tempietto do Bramante é de 1502 (é ver o respeito com que o Rafael trata o Bramante no da escola de Atenas...) o que mais gosto no do casamento é a porta aberta a deixar ver a paisagem lá ao fundo completamente não-arquitectónico os pintores já mandaram os clientes e a própria pintura para a "fava" à muito tempo :)
Por acaso já estava para escrever aqui, há uns dias, o que me despoletou um bocado foi essa "diálise" e os entre os pintores e os arquitectos, até porque eu, por exemplo, sou arquitecto mas também pinto. Porque pinto desde puto. Bom dizer que sou arquitecto ou pintor, não passa de uma presunção das minha, porque às tantas, a minha pintura e a minha arquitectura - fiz muito pouca arquitectura autonomamente, ainda apanhei a minha cota parte de projectos dentro de uma filosofia "participativa" tipo, nos nighties, em que se fazia muitas coisas nesse campo neste país, muitas francamente más.. comecei a trabalhar qd era chavalito, andava na escola, naquele tempo havia muita coisa para fazer e as pessoa que tinham a mínima capacidade de estabelecer juízos críticos, que eram cultas e informadas, não eram reduzidos a meros "robots", como se faz hoje em dia a esses miúdos, que se calhar até são mais bem preparados do que eu era, mas ninguém lhes pede opinião para nada. Nem os pintores, nem os arquitectos têm a sorte toda. Aliás, a ideia de que os pintores têm as tais crises, que quando não sabem o que pintar, não pintam, que remédio... os pintores sabem sempre o que pintar, respiram pintura e pintam obsessivamente, com mais ou menos angústia e etc, até porque a pintura é arte, pura, o exercício dos limites, e se pintam é porque têm uma pancada que os compele a isso. Analogamente, dizer que um arquitecto tem sempre um problema bem definido (ok, a arquitectura não é uma arte, pelo menos pura e dura, é também um ofício). Mas, para mim, ter um problema sempre bem definido, é uma falácia: um artista, seja de que arte for, também tem um problema sempre bem definido. O problema bem definido do arquitecto não consiste naquilo de ter uma casa, uma moradia aquilo precisamente o que não é problema, ou que pode convocar outros problemas.. mas que também. Eu (perdão, pela parte que me toca, jánem preciso de fazer tanta arquitectura assim como a que gostaria de fazer. E não é tanto por não saber o que fazer. É que eu sei tão bem o que gostava de fazer, a cada instante (e o que não gostava de fazer) que constatei há já bastante tempo que há coisas que não me interessam: arranjem outro. Não me podem por a dar resposta a problemas que logo à priori, não são problema nenhum, são coisas que à priori eu rejeito como sendo tão estúpidas, que não sinto a mínima motivação para contribuir para elas. Mas isto é tudo muito pessoal. Tou bem assim a fazer obras pequenas, não quero grande projecção (mesmo que quisesse acho que não tinha), estou-me a tentar internacionalizar e, claro, já há algum tempo diversifiquei a minha actividade, principalmente desde há dois anos para cá apanho muito pouco trabalho de arquitectura para fazer para fazer, faço parte de grupos de investigação e desenvolvimento, desenvolvo trabalho com as populações, o resto, logo se vê tenho um feitio introvertido. Isto é mais tipo um depoimento pessoal. Não contém nenhum juízo de valores, até porque, reciprocamente, vocês podem pensar de mim o que quiserem. Ainda me hei-de referir concretamente ao que afinal de contas é o tema original do post do AM.
7 Comments:
Boas AM
Este Kent é um bocado estranho. Um mix de Boullè, Miguel Ãngelo e Rafael da escola de Atenas.
Os pintores é que não têm a sorte que nós temos. Têm crises, não sabem o que fazer, etc...Nós temos o problema sempre bem definido; uma escola, uma moradia. Em último caso aplica-se o rgeu. Eu sei que o mestre V. não deve concordar mt com isto
olá S.
este interior é mesmo um pouco estranho (para nós, habituados no hábito "moderno"...)
o Boullée não
o Kent vai, dura (obg wiki), de 1685 a 1748 (o B. só nasce em 1728 - o que quer dizer que tinha 20 anos quando o K. morreu...)
não concordo com isso dos pintores slash arquitectos
os pintores é que têm a sorte toda... não sabem o que pintar, bom remédio, não pintam
os arquitectos não podem dizer: não sei o que (como) fazer... daqui a uns tempos volto cá e logo faço o proj.
pois...
uma tipologia, "uma escola, uma moradia", não chega para (bem) definir o "problema" (o "problema" começa todo a seguir a todas as definições...)
eu de pintura (como de quase tudo) percebo pouco, mas depois da ref.ª resolvi olhar (e ver) o fresco do fresco do Rafael
adorei a maneira como aqueles dois corpos sentados cá em baixo nos degraus "fazem", reforçam, a perspectiva (sendo um deles nem mais nem menos que...)
adorei o "nível" (pela cintura dos de pé) da "linha de fuga"
a representação arquitectónica é mais pictórica que outra coisa mas também gostei
curioso a repetição destes hexágonos (contraditoriamente) "oblongos" no Rafael, no Kent, no Melnikov e - lembrei-me depois... - na cúpula de San Carlo alle Quattro Fontane ("entalados" entre os octogonos e as cruzes gregas...)
acho que hoje (e manhã, e depois) vai tudo correr ao ODP para ler isto...
eh eh eh
Lord Burlington !!
são mais favas contadas que favos ???
A propósito de Arquitectura pictórica e perspectiva também gosto muito do Casamento da Virgem do mesmo Rafael.Não me parece que fosse possível construir aquilo no tempo de Rafael. Mas não será a pintura de Rafael que é arquitectónica?
Os pintores também têm que comer. Não podem andar por aí a mandar os clientes à fava :))).
Quanto ao Boullée,pode ser que tivesse visto o Kent antes dos 20. Talvez ambos tenham visto o Piranesi
era possível
o tempietto do Bramante é de 1502
(é ver o respeito com que o Rafael trata o Bramante no da escola de Atenas...)
o que mais gosto no do casamento é a porta aberta a deixar ver a paisagem lá ao fundo
completamente não-arquitectónico
os pintores já mandaram os clientes e a própria pintura para a "fava" à muito tempo :)
alma, sua Lorda :)))
quando "acabar" m'avise :)))
Por acaso já estava para escrever aqui, há uns dias, o que me despoletou um bocado foi essa "diálise" e os entre os pintores e os arquitectos, até porque eu, por exemplo, sou arquitecto mas também pinto. Porque pinto desde puto. Bom dizer que sou arquitecto ou pintor, não passa de uma presunção das minha, porque às tantas, a minha pintura e a minha arquitectura - fiz muito pouca arquitectura autonomamente, ainda apanhei a minha cota parte de projectos dentro de uma filosofia "participativa" tipo, nos nighties, em que se fazia muitas coisas nesse campo neste país, muitas francamente más.. comecei a trabalhar qd era chavalito, andava na escola, naquele tempo havia muita coisa para fazer e as pessoa que tinham a mínima capacidade de estabelecer juízos críticos, que eram cultas e informadas, não eram reduzidos a meros "robots", como se faz hoje em dia a esses miúdos, que se calhar até são mais bem preparados do que eu era, mas ninguém lhes pede opinião para nada. Nem os pintores, nem os arquitectos têm a sorte toda. Aliás, a ideia de que os pintores têm as tais crises, que quando não sabem o que pintar, não pintam, que remédio... os pintores sabem sempre o que pintar, respiram pintura e pintam obsessivamente, com mais ou menos angústia e etc, até porque a pintura é arte, pura, o exercício dos limites, e se pintam é porque têm uma pancada que os compele a isso. Analogamente, dizer que um arquitecto tem sempre um problema bem definido (ok, a arquitectura não é uma arte, pelo menos pura e dura, é também um ofício). Mas, para mim, ter um problema sempre bem definido, é uma falácia: um artista, seja de que arte for, também tem um problema sempre bem definido. O problema bem definido do arquitecto não consiste naquilo de ter uma casa, uma moradia aquilo precisamente o que não é problema, ou que pode convocar outros problemas.. mas que também. Eu (perdão, pela parte que me toca, jánem preciso de fazer tanta arquitectura assim como a que gostaria de fazer. E não é tanto por não saber o que fazer. É que eu sei tão bem o que gostava de fazer, a cada instante (e o que não gostava de fazer) que constatei há já bastante tempo que há coisas que não me interessam: arranjem outro. Não me podem por a dar resposta a problemas que logo à priori, não são problema nenhum, são coisas que à priori eu rejeito como sendo tão estúpidas, que não sinto a mínima motivação para contribuir para elas. Mas isto é tudo muito pessoal. Tou bem assim a fazer obras pequenas, não quero grande projecção (mesmo que quisesse acho que não tinha), estou-me a tentar internacionalizar e, claro, já há algum tempo diversifiquei a minha actividade, principalmente desde há dois anos para cá apanho muito pouco trabalho de arquitectura para fazer para fazer, faço parte de grupos de investigação e desenvolvimento, desenvolvo trabalho com as populações, o resto, logo se vê tenho um feitio introvertido. Isto é mais tipo um depoimento pessoal. Não contém nenhum juízo de valores, até porque, reciprocamente, vocês podem pensar de mim o que quiserem. Ainda me hei-de referir concretamente ao que afinal de contas é o tema original do post do AM.
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