nevoeiro (se a piscina)

a verdade é que

se a piscina não pretendesse "fazer pensar" (senhora, até há anedotas com a fronteira forrada a azulejo e piscinas espanholas - atlânticas, enormes... - espalhadas ao poente...), se a piscina não pretendesse "fazer pensar" nem "questionar o País", eu até poderia gostar da dita piscina...
se a piscina não revelasse da habitual pobreza conceptual do "achado" (e ainda por cima de um "achado" guardado na gaveta...) característico do trabalho de Joana Vasconcelos e digno da inteligência de uma criança (burra) de cinco anos, eu até poderia gostar da dita piscina...
se a piscina, se a execução do "trabalho", não fosse, nos seus aspectos técnicos e formais (veja-se o aparato do seu "pôr-se em pé"...) de uma banalidade confrangedora, eu até poderia gostar da dita piscina...
se a piscina, se a obra-de-arte (plástica...), tivesse sabido procurar, do (arquitectónico...) sítio em que se "implanta", a escala certa para o tamanho da sua "peça", eu até poderia gostar da dita piscina...
se a piscina não fosse das comemorações do centenário da república uma "encomenda" (calculo que não tenham chegado a este brilhante resultado por concurso público...), eu até poderia gostar da dita piscina...
se a piscina não fosse uma obra de Joana de Vasconcelos (não por ser uma obra de Joana Vasconcelos mas por ser de Joana Vasconcelos uma obra) eu até poderia gostar da dita piscina...

por um momento (estas coisas para quem não habita a rica paisagem cultural da capital...) confundi a triste crítica do triste pacheco no activo com (só para quem gosta de fotos de arquitectura com manifestações à porta...) com a triste notícia sobre o Teatro Azul (que mais que piscina, é baleia...)

se a piscina, ao menos, fosse baleia...