domingo, abril 26, 2009

Risco ao Meio

9 Comments:

Anonymous Dioniso said...

Pensei que tinha sido claro, mas eu aprofundarei mais um bocado:

Os desenhos que vi são pobres e limitam-se a cumprir um programa com uma geometria limpa. Depois vejo o “mirror” entre alçados Norte e Sul e uma linguagem de fachada muito taxativa, tal como toda a organização em planta. Tudo muito previsível, sem mistério. A invocação ao Aalto é completamente desfasada. Não vejo Viipurin no horizonte, nem pouco nem mais ou menos. Não sei que jogo de volumes possa ser relacionado… (Não é a primeira vez que por aqui se fala do Aalto despropositadamente. Talvez seja esse o propósito, não sei.)
Por outro lado, penso nas casas do Souto Moura. Enfadonhas e previsíveis… uma sala e cozinha e uma porta. Abre-se. Depois há corredor com acessos a quartos de um lado, armários para toda a tralha do outro. Claro que não é de estranhar que depois faça casas ao contrário, com dois olhos, inclinadas, etc. O próprio admite que nem sequer tinha tempo para questionar a receita em “ 22 Casas de Souto Moura”.
Nos ARX, infelizmente, predomina o tique desconstrutivista em muitas obras. Esta é uma delas. Não acho interessante copiar o Eisenman desta forma. O alçado recorda-me a House II. E se este último se borrifava para a distribuição funcional da casa (primeiro está o estudo diagramático só depois se vê onde fica a sanita, a cama e o balcão da cozinha) em Melides faz-se precisamente o contrário. Primeiro definem-se as áreas “direitinhas” dos quartos, dos sanitários e da escada (risca ao meio, “bota e bira”) e depois arroja-se mais a geometria, ainda que com tiques, na área social. O volume torna-se num exercício formalista sem piada… As melhores obras dos ARX são aquelas que pouco bebem directamente dos diagramas do Eisenman.

5:41 da tarde  
Blogger AM said...

muito obrigado dioniso
parece que olhamos para a arquitectura mais ou menos nos mesmo... "termos"
aceito quase tudo o que escreves sobre o CMIA
em minha (em nossa) "defesa", apenas invoco a circunstância de ser uma proposta para um concurso (com a possibilidade - em caso de "prémio" - de poder sempre (?) melhorar ou "alterar" o projecto) e a (in) significância da coisa
é uma porcaria de 200 m2 (ou lá quantos são...) e nem tudo, nem toda a arquitectura, tem que estar afogadinha em "mistério"...
a relação com a Viipuri do Aalto é que, desculpa lá, mas não me parece nada a despropósito...
compara, por exemplo, a planta do nosso CMIA com a planta do primeiro piso da biblioteca...
se aquilo não são semelhanças (de "composição") é porque eu estou cegueta de todo...
(isto, obviamente, não é nem nunca foi para comparar o pouco valor do nosso CMIA com a obra-prima do mestre...)
das 22 dos souto (não tenho o livro mas tenho de memória...) gosto mais de umas que de outras
a maior parte, como dizes, acho esquemáticas, mas outras acho que também não pedem muito mais que aquilo
uma casa é uma casa é uma casa e não vale a pena (nem adianta...) querer inventar a pólvora a cada T3...
irrita-me, pelo contrário, a "a-ti-tu-de" de tantos (e tantos...) que insistem em transformar (trans-forçar...) em "oportunidades de projecto" para outros exercícios supostamente mais "ambiciosos" e, esses sim, completamente despropositados, cada porcaria de cada encomenda...
sobre a moradia dos arx também concordo mas acho que és demasiado "rigoroso"
é apenas uma primeira obra (salvo erro foi mesmo a primeira obra...) onde são "naturais" e admissíveis as influências dos mestres (deles) e do... "ar-do-tempo"...
nada de muito grave...
quem me dera que aquilo pudesse funcionar como receita "alternativa" para o "tipicamente alentejano" que enxameia o... "horizonte"...
diria que os arx estão cada vez melhores, mas infelizmente parece-me que estão - com obras como a de Cascais... - a atravessar uma certa "crise" e algum esgotamento do seu (deles) "reportório formal"
a provação ao teu "bota e bira" pelo menos e pelos vistos, parece que foi certeira...

7:42 da tarde  
Blogger AM said...

sobre outras despropositadas invocações do Aalto - no meio de tanta posta e de tanta merda - admito a... eventualidade
mais do que isso só com exemplos

7:51 da tarde  
Anonymous Dioniso said...

Depende como olhamos a casa... O Bachelard na Poética do Espaço provou que uma casa não é apenas uma casa que é apenas uma casa.

Sobre o Aalto, é ler... Pereira Miguel, José Cadilhe, etc. Temos perspectivas diferentes, nada mais. E em ambas as obras, acho que há assumidas tentativas de correr riscos, num início de carreira. Por si só, é de salutar. Em nenhuma das duas vejo Aalto.

Ah... já agora, onde posso ver a tua (vossa) proposta? É que eu não a conheço!

9:29 da tarde  
Blogger AM said...

estou confuso...

mais poéticas, menos poéticas, bachelard, bachlord ou o camano
uma casa é uma casa etc.
(ou será que uma casa deixa de ser uma casa - com quartos e sanitas e essa merda toda... - lá por ser mais ou menos "poética"!?...)

a troca de "correspondência" sobre a cantina do jovem cadilhe!?... se aquilo não é um "uso indevido" de uma "imagem" Aalt&ana...

a minha (nossa) proposta para o CMIA é aquela que o dioniso comentou na posta respectiva...

é que estou mesmo confuso...

9:41 da tarde  
Anonymous Dioniso said...

Não consigo ver Aalto... é só isso, a menos que esteja a ver um projecto diferente. Fala-se tanto do mestre e ainda não o encontrei. Diria que te arrogas com uma grande pretensão, ou um "uso indevido" do palavrão...

"uma casa é uma casa é uma casa e não vale a pena (nem adianta...) querer inventar a pólvora a cada T3..."

Pois eu acho que há muito para descobrir (e não inventar, soa a pretensioso). Basta ver a Maison à Bordeaux, ou a Villa D'Alva do Koolhaas ou a Kramlich do Herzog ou as experimentações do Fugimoto, ou dos Sanaa, ou... Que queres que te diga?

"sobre a moradia dos arx também concordo mas acho que és demasiado "rigoroso"
é apenas uma primeira obra (salvo erro foi mesmo a primeira obra...) onde são "naturais" e admissíveis as influências dos mestres (deles) e do... "ar-do-tempo"...
nada de muito grave..."

Escrito pela mesma pessoa que desanca no P. Miguel e nos jovens que aparecem...

Eu é que estou confuso!

10:37 da tarde  
Blogger AM said...

não me arrogo a coisa nenhuma
a resposta a isso já aí está escrita pelo que não vale repeti-lo

fico muito satisfeito pelo dioniso ouvir amanhãs que cantam no coro do kualhas...

odp não desanca nos jovens que aparecem, nem tem nada contra os "jovens" arquitectos em particular
odp desanca em quem calha independentemente da idade pessoal ou profissional que possam ter

a casa de melides é uma boa primeira obra
é uma obra que cruza "desejo" (de arquitectura) com "pragmatismo" (profissional) como não vejo em quase nada da "nova" arquitec-tuga
a "carreira" dos arx merece-me respeito e admiração
há dias em que estamos mais generosos... e é tudo

11:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Temos crítico.

1:03 da manhã  
Blogger AM said...

quem, eu ou o dioniso!? :)

12:01 da manhã  

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