terça-feira, dezembro 16, 2008

do Fr. Chiq

para o João (de um comentário que deu em posta)

já que o prémio é de todos que tal dividir as 60 mil mocas (das novas...) pelos (cerca de) 18 mil "colegas"?...
fiz as contas (2 ou 3 prendas nos chineses...) e parece que dá qualquer coisa como 3,333 aérios (pensar não é condição...) por cabeça...

agora o que (mais) interessa:
(já escrevi que) não concordo que a geração do JLCG (e/ou do MGD...) tenha logrado efectuar esse corte ("epistemológico"...) com a "contenção formal" e com a ideologia "full time" dos que... chegaram primeiro...
ideologia "part time" é um bicho (meio) esquisito (que eu não sei o que é...) mas quanto à "contenção formal" da geração "anterior" basta pensar em algumas das "imagens" do Pancho, em algumas das igrejas "pré-pós-modernas" do Cunha, ou mesmo na exuberância formal (ainda que "contida"...) de muitos dos trabalhos do Siza...
... a "ideia" (por demais recorrente...) de "cortar" as gerações (às postas...) não passa de complexo de Édipo (mal resolvido...)
contradizes-te, quando escreves: "a Carrilho da Graça interessará mais a releitura do cânone modernista e a prossecução desse projecto totalitário"
acho abusivo (é um cavalo de batalha...) fazer coincidir o "cânone modernista" (mas qual!?...) com um "projecto totalitário" (qualquer que ele seja...)
a arquitectura moderna (“modernista”) queria (e bem...) salvar (e "dominar"...) o mundo? (ah pois queria...)
a arquitectura, toda a arquitectura, quer salvar (e dominar...) o mundo!!!
existem (o que existem são) diferentes maneiras de o fazer mas entre a maior parte dos "modernos" e a maior parte dos "esboroados" pós-modernos não vejo (peço desculpa aos teóricos das academias e aos especialistas...) grandes diferenças...
o "purismo formal" (e outras coisas haveria a escrever sobre esse TAL "purismo formal"...), o "purismo formal" que identificas no Carrilho não é o "purismo formal" do "projecto moderno"
com a "inocuidade estética" não posso estar mais de acordo
é isso (e por isso...) o que agora é premiado:
arquitectura inócua e apolítica... embrulhada em elegância de fim-de-semana...

16 Comments:

Blogger João Amaro Correia said...

já lá vamos, já lá vamos.


o que tentei fazer foi mais uma aproximação "geracional", se quiseres. de tendências. e daí esse "corte epistemológico". evidententemente que as generalizações se esgotam quando vamos mais fundo em cada percurso individual. as coisas tornam-se mais complexas. e não serão tão claras como água e vinho.
mas tens de convir que houve ali, por inícios de 80, esse tal corte - a exposição "depois dos modernos".
tinha passado o saal e todas as aventuras esquerdistas rumo a arquitecturas que amanhã cantarão e, depois da tempestade vem outra temnpestade a seguir.
entretanto o que acho mais relevante dessa geração foi a caminhada e aproximação aos "debates" da "europa". isso será inegável. e o mérito é todo daquela malta que se queria libertar do peso ideológico (??) da década anterior.

quanto à "confusão" entre modernismo e autoritarismo - e que é uma coisa que me apraz, pois aquela gente heróica era toda socialista e queriam desenhar não casas nem cidades, mas a vida (incluindo o pintelho do cliente) - fi-lo tendo em conta a incapacidade do arquitecto carrilho da graça em "sujar as mãos". repara que mesmo programaticamente ele não ostenta uma "democracia" como o faz o mgd. a habitação que jlcg faz é up up up, lá para cima, só para uma burguesia instalada e representante de um certo status quo intelectual. de resto, que temos? programas de excepção. mas isso será uma opção. e que é reveladora.


e sim, seria óptimo se a ordem (esta coisa parece uma seita, com altares e tudo, e eu que até sou católico...) aceitasse a tua proposta e repartisse o prémio por "todos os arquitectos portugueses". essas almas iluminadas. qualquer coisa, mesmo chinesa, faz cá falta. até para pagar as cotas da ordem que eles tanto desesperam. (pensam que eu vivo da cotas da ordem).

(ai se não me fosse tão doloroso escrever)

j

11:11 da manhã  
Blogger João Amaro Correia said...

ah!,
ao teu certeiro remark, a propóstido da relevância deste prémio, que se poderia eventualmente aferir pelas ondas de choque blogosféricas e na imprensa, cabe precisa pontaria.
e é uma resposta à demagogia efusiva e festivaleira da ordem e da "premiação" à nação arquitectónica.


j

11:34 da manhã  
Blogger AM said...

houve ("de facto") essa tentativa de corte na arquitectura... como houve ("de facto") essa tentativa de corte na política (com o 25 de abril)
o resultado (nos dois casos - que se calhar até o mesmo "caso"...) está bem à vista de todos os que o queiram ver...
os debates europeus tb já vinham do passado (também do távora e do teotónio...)
socialistas e (o quê!?) "liberais" é tudo a mesma coisa e para além disso (canta o grande Zeca) "a palavra socialismo como está hoje mudada"...
quanto aos programas e sobre "a questão da habitação", vinha nas notícias (e eu não sabia) que o JLCG está a construir habitação ("social"!?) em Madrid... acho que isso é mais circunstâncial (embora, como dizes, possa também ser uma "procura")
a política não está nas tipologias
é possível (é) fazer "casas de esquerda" para os ricos e "casas de direita" para os pobres...
mas é verdade que o JLCG suja muito menos as mãos (com a massa do projecto) que o MGD+EJV e é por isso, por eu os preferir :) que eles deviam ter ganho o pessoa :)
o remate remak tinha essa intenção :) repara que a entrega do prémio pessoa ao JLCG teve menos "eco" que uma notícia sobre o AFRICA.com (ou lá o que é)
mas então, os dos costumes, sempre aos pulos e em bicos dos pés, a "acenarem" à "classe" com o "enorme" prestígio... (kolektivo...)
não há pachorra

12:44 da tarde  
Blogger João Amaro Correia said...

espero que não fiques com a impressão que acho a democracia coutada da esquerda. vade retro(escavadora). aliás, tanto o jlcg como o mgd são de esquerda. uns mais caviar que outros - mas isso será irrelevante.
a minha questão ideológica (???) - será estética (palavra - disciplina - tão mal tratadinha, graças ao senhor, parecemos umas esteticistas a tratar das partes capilares e outras), prende-se com esse "sujar as mãos". se quiseres, tem a ver com o espírito da liberdade. e do individualismo. porque o resultado, por ex. no trabalho do mgd, é a inclusão, ou a tentativa pelo menos, das idiossincrasias de cada um dos que queiram viver essa arquitectura. por outro lado, é uma arquitectura aberta. ao mundo, ao país, ao cliente, às circunstâncias, aos constrangimentos. coisa muito agradável e desssacralizadora da "matéria disciplinar" que faz as delícias dos "modernos".
e não. não acho que tudo seja político (deus nos livre de marx). mas é justamente esse compromisso dos contemporâneos com o mundo que me emociona. ao contrário da rigidez estética do laureado.

1:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

AM,
"arquitectura inócua e apolitica ...embrulhada em elegância de fim-de-semana..." não podia ter sintetizado melhor :)

o que se acrescentar será redundante :)

2:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"rigidez estética" é óptima :)
haverá algum status quo intelectual...?

2:13 da tarde  
Blogger João Amaro Correia said...

shall we say, "trend". é melhor que "intelectual". é mais preciso.

3:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

obrigada João :)))
terrível precisão :)))))

4:11 da tarde  
Blogger AM said...

meninos... :)

quanto a isso estamos completamente de acordo
a "inclusão" é uma das principais (top 10) lições do Venturi e tudo o resto (o vicente, o mgd, etc.) deriva daí
nem tudo é política mas "everything in life have political ramifications"... o que vai a dar no mesmo :)

7:04 da tarde  
Blogger João Amaro Correia said...

um beijo é política?

j

12:32 da tarde  
Blogger AM said...

um beijo roubado
um beijo casto
um beijo macho
um beijo gay

poucas coisas serão tão políticas como os afectos e o sexo
quanto mais subversivas mais políticas
assim de repente, de apolítico, só mesmo o canal parlamento...

6:12 da tarde  
Blogger João Amaro Correia said...

és mesmo marxista pá!

j

6:20 da tarde  
Blogger AM said...

LOL, mt obg :)

6:54 da tarde  
Blogger João Amaro Correia said...

é depreciativo.
é como dizer, no irão, que não tens bigode.


j

8:15 da tarde  
Blogger formiga bargante said...

Olá

Tenho andado enredado noutras "guerras", daí o meu silêncio.

Já agora, uma informação não confidencial: O Pancho vai ter uma exposição, em 2009, no Museu Berardo.

Um abraço

Fernando Gonçalves

10:08 da tarde  
Blogger AM said...

joão

43, biqueira larga, atacadores em bigode... :)
insulto, com insulto se paga :)
tse, tse, tse... os benfiquistas e as "questões pendentes" com os bigode exóticos... :)

olá fernando

material original ou repescagem da exposição suíça?

6:53 da tarde  

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