quinta-feira, novembro 20, 2008

O Explicador

Ora bem. Pois vamos lá então (mais uma voltinha mais uma viagem) à biblioteca do Siza em Viana do Castelo.
A biblioteca do Siza em Viana do Castelo (e o burro sou eu...) é:
a) uma Biblioteca; b) do Siza; c) em Viana do Castelo...
Pode parecer mais uma parvoíce de um despropósito (e a posta até podia - e se calhar devia... - ficar por aqui...) mas desta vez vou fazer uma forcinha para escrever mais (ou menos) a sério...

a) Uma biblioteca é uma biblioteca é uma biblioteca.

Siza parte do "tipo". Da história da tipologia "biblioteca" e de todos os problemas (de "sentido", de escala, de iluminação, de "composição", etc.) associados à concepção de uma biblioteca... "moderna". Tenho ideia de ter lido o Siza sobre o "problema" da elaboração do projecto para a biblioteca da Universidade de Aveiro, sobre a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio (acho que era essa a ideia) entre a dimensão a que o programa (e o plano de pormenor...) obrigavam, e a necessidade/desejo de fragmentar o espaço e de "humanizar" a utilização dos diversos lugares (também de leitura). A biblioteca de Viana de Castelo "contorna" genialmente aquilo que para outros arquitectos menos "dotados" poderia ter sido uma enorme (e intransponível...) dificuldade, ao "arrumar" o grosso do programa em quatro "alas" à volta de um "pátio"... Igualmente genial, a intuição (sensível e intelectual...) de "dosear" e diversificar as fontes de iluminação natural, explorando a iluminação zenital e "segmentos" de paisagens (para o "exterior" ou para o "interior" do dito "pátio") em "segmentos de recta" rasgados no betão...

b) O Siza é o Siza é o Siza (um edifício do Siza é um edifício do Siza é um edifício do Siza)

E o Siza é um génio de tal maneira talentoso que "apurou" (desistam...) um estilo. Quem achar que é coisa pouca é favor abandonar a leitura do blogue neste momento.
A biblioteca de Viana do Castelo é um edifício de primeira grandeza na obra do Mestre, no mesmo plano, por exemplo, do "Pavilhão de Portugal" em Lisboa, com o qual aliás, e como já "apontei" partilha muitas semelhanças. Ambos são edifícios "dois em um" ("palácio" + "pala" em Lisboa, "áreas técnicas" e administrativas rente ao chão + pátio "elevado" em Viana do Castelo) deleitados à beira dos respectivos rios. Acho que os dois edifícios foram desenhados (genialmente, mas não quero estar a abusar), desenhados, dizia eu, em função da escala ("real" ou "simbólica") de cada uma das duas cidades. E assim chegamos a Viana.

c) Viana do Castelo

Se a obra parte do estudo da tipologia quanto ao que é, pode ser, ou poderá vir a ser... uma biblioteca ("moderna"...), e da obra anterior do próprio como mais um elemento em "re-criação", parte igualmente (e como não podia deixar de ser...) do estudo do local onde o edifício vai a ser "implantado". O edifício faz (ou aparenta fazer - já que ainda não o visitei...) uma leitura absolutamente correcta (e quem acha que é coisa pouca - se não abalou d'aqui à "atrasado"... - que saia agora...) do lugar que lhe foi destinado. Entre a cidade ("velha") e o rio, a biblioteca espraia-se - com o seu claustro em levitação... - como "apenas" mais um dos edifícios conventuais (St. Ana, S. Bento, S. Domingos, S. António, do Carmo...) da Cidade de Viana do Castelo.
Gostava muito de analisar, de ver analisada numa planta da cidade, a relação entre o biblioteca e todos esses outros edifícios "históricos" de "igual" dimensão e significado... colectivo.

Coisas a-parecidas poderiam ser escritas sobre outras obras do mesmo autor... mas quem não se espraia a mais sou eu...

Quanto ao El Senhor Pitta... resta acrescentar que "bujardar" contra um edifício sem ter sequer percebido onde o mesmo "começa" e/ou "acaba" e sem ter sequer passado da porta de entrada, é "quase" tão credível e respeitável, como criticar um livro pela capa, ou (melhor ainda...) como "estrelhar" um restaurante pela ementa afixada na fachada exterior...

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Falando de bibliotecas, aproveito para partilhar uma história do Sebastião, o meu rapaz com 3 anos e meio.

Faz agora 1 mês fomos a um parque aqui perto de Barcelona fazer um picnic para aproveitar os últimos dias de calor, e depois de comermos ele põe-se a desenhar coisas no chão de areia com um bocado de madeira...

Todos nós espantados com o ar de concentrado, começamos a perguntar sobre o que aquilo era???

Um camião? um elefante? o Pocoyo?

Ele olha para nós —espantado como quem não entendia que nós não vissemos claramente o que aquele rabisco era— vira-se para mim com a maior naturalidade do mundo:

— É uma biblioteca. Não vês que aqui estão as estantes com os livros!!!!!!

Jajajajajaja..... será que estou a criar um pequeno monstro?????

11:24 da tarde  
Blogger AM said...

este natal, uma playstation :)

11:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Am,
o seu conselho é antipedagógico :):)
eu se fosse o pai natal oferecia-lhe o cartão da amazon!:)qual monstro qual carapuça temos é um intelectual a caminho ...

12:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

entretanto tenho de ir a Viana ...

o JFC, já lá deve ter ido a caminho da obra da prima podia dar o seu palpite ...

12:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Playstation para mim....
Amazon para o Sebastião...

3:30 da tarde  
Blogger AM said...

são só brincalhões...
a todos um bom natal

6:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

caro am, gostei da sua provocação: juntar na planta de viana do castelo, uma planta desenhada com a evidência das formas significantes dos equipamentos (significativos) e do espaço público (colectivo) e estudar (uma possivel) relação!

gostei ainda da sua crítica substantiva, prefiro.o ler quando assim é! :)

quanto à planta não me será dificil de arranjar visto ter já estudado o urbanismo (quinhentista) de viana e ter várias plantas da cidade nos arrumos/arquivos! se a conseguir encontrar arranjarei forma de a poder enviar! afinal a sua provocação tem fundamento! quanto a tipologias... humm há pano para mangas!

quanto a uma visita à biblioteca creio que deve fazer! tal como outras obras a ironia do arqto siza impera e mostra.se sem medo! as escadas (de emergência) são fenomenais! tem algo de alegórico (talvez venturiano?)...

filipe
(reconheces.me do post do nuno brandão?)

10:05 da tarde  
Blogger AM said...

well... obg filipe
isto já se sabe... umas postas são mais assim...
as postas mais "substantivas" dão mais trabalho e na maior parte dos casos os "visados" não o merecem
a minha análise, ou melhor, a minha hipótese de interpretação da biblioteca do Siza no contexto da cidade "histórica", decorre do conhecimento das plantas esquemáticas da evolução urbana de Viana publicadas num livro sobre a cidade da autoria do João Vieira Caldas e do Paulo Varela Gomes

1:15 da tarde  
Blogger margarida. said...

sou de viana de viana de viana. e o siza é o siza é o siza... em qualquer parte do mundo.

entretanto, o post está tão bom que não percebo como não me apercebi dele antes. Friamente crítico... mas emocional, como é inerente a qualquer análise/interpretação de cada sua obra - que está tão mais para lá... que é tao dificilmente sintetizada numa mão cheia de desenhos ou fotografias escolhidas a dedo.

1:54 da tarde  
Blogger AM said...

mt obg, margarida
ainda não tinha reparado no teu simpático comentário

11:59 da tarde  
Blogger Unknown said...

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2:45 da tarde  

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