domingo, fevereiro 17, 2008

Extra Time (horas extra-ordinárias)


















Mais um projecto feito (que falta de método...) de um dia para o outro. São duas moradias geminadas de tipologia T3 com dois pisos. O local é um terreno "devoluto" num "centro tradicional", junto a uma pequena igreja (também "devoluta"...) sem grande história... O plano-fachada alinha com as construções existentes. As entradas "recuam" para maior protecção e conforto. Um "biombo" (fixo) delimita o átrio e impede a "devassa" (imediata...) dos "segredos" da casa. A(s) sala(s) organizam-se à volta de "alcovas" (estou particularmente orgulhoso desta "organização"...). Um espelho (à Loos...) na parede sobre a mesa de todas as refeições, alinha com as escadas (do "nu descendente"...) e "duplica" o espaço... e a luz... Para sul, para as traseiras e para o pequeno e estreito logradouro, fica a (relativamente...) espaçosa cozinha. Um alpendre para as mais diversas funções (que não se desejam "classificar" ou, por estereotipo", "tipificar"...) medeia, matiza e côa (...) a "excessiva" intensidade da luz alentejana. Uma escada "Venturiana" (não digo qual...) lança o primeiro piso. Um "móvel", fixo, em alvenaria (e madeira...), à "alentejana" (e à finlandesa...) constrói a guarda da escada.
Dois quartos iguais com janelas iguais (embora não bem no mesmo sítio...) estruturam a fachada "pobre" (e "chã"...) da nova construção e a fachada urbana que vai servir de fundo ou de "cenário" para a tal igreja... Um quarto "duplo", de casal, sobrepõe-se à cozinha. O roupeiro alinha com a janela na parede oposta e delimita a área da cama. A cómoda (dos cómodos), de frente para a porta de entrada no quarto, aninha-se entre a janela e a porta para a varanda (mas já lá vamos...). O "quarto-de-banho" com uns "generosos" e "familiares" (educação para a higiene...) 6.0 M2 ocupa, no "miolo", a sua natural posição... Uma "principesca" (é um luxo...) varanda por sobre o alpendre, permite a iluminação e a ventilação natural do quarto de banho. Ao contrário do alçado (quase) "neutro" e "chão" (mas veremos...) do alçado principal, o alçado posterior orientado para o logradouro a sul, aposta no "claro-escuro" e no ("contido"...) "jogo dos volumes"... Recorda-me alguma daquela arquitectura italiana dos 50's baptizada de "neo-realista"... Ainda para mais com os telhados em telha de barro (desfasados?...) com duas águas, e mai-los respectivos beirados, pois então, que as coisas não se fazem pela metade...
Ninguém ma(s) encomendou ou "ordenou" (estou a superar os meus objectivos...) mas eu gosto de meter a cabeça (no cepo...), e agora vão ter que levar com... a proposta.
E estou tão orgulhoso (tão "inchado") com esta coisa ordinária de nada, que ainda rebento!

6 Comments:

Blogger Inspirado said...

E o Lavabo no piso 0?
E a tal wc principiesca não é um bocado chato abrir a porta e deparar-se logo com a sanita?

;-o

5:31 da tarde  
Blogger carlos.pedro said...

Podes sempre pedir ao Sócrates que dê uma olhadela nisso....pode traduzir-te para Inglês Técnico para publicar nas revistas estranjas....

5:55 da tarde  
Blogger AM said...

caro inspirado

muito obg pela visita e pelo coment

o "lavabo" (não sei porquê mas não gosto desta palavra...)no piso 0? achei que não fazia muita falta... mas se insistirem (muito) sempre podem prescindir da despensa por baixo da escada e "encaixar" uma sanita... (e até, eventualmente, uma lavatório - ou então, muita muitamelhor... - fazer como o corbu...)

não é a casa de banho que é "principesca", é a varanda...
(o quarto de banho é "generoso" e "familiar"...)

quanto ao "abrir a porta e ver a sanita"... (ai ele é desses...) não vejo, sinceramente, qual é o problema...
se é por uma questão de privacidade, fecha a porta à chave
se é por uma questão "estética"... não compreendo de todo... a sanita não é feia nem bonita (uma sanita é uma sanita é uma sanita - pelo amor de Deus...)
acho que aquele "quarto-de-banho" funciona muito bem... tanto em termos funcionais como construtivos (com o esgoto - ciência do cagalhão - na parede "mestra", por exemplo...)
mas esta conversa da sanita é uma bocado conversa de merda...

5:58 da tarde  
Blogger AM said...

sim, carlos :)

pode ser a capa da el croquis (ainda está na moda?...)
pegando no teu comentário e na resposta ao inspirado... sempre podia pedir um parecer (ao LNEC...) sobre a engenharia sanitária do projecto...

6:00 da tarde  
Blogger Inspirado said...

caro am

um prazer! sou visita regular, mas hj apeteceu-me mandar uma para a fogueira...
n com um tom critico ou irónico, mas simplesmente bem disposto.

por acaso não gosto nada de abrir uma porta para a casa de banho e deparar-me com a retrete (esta palavra ainda é melhor que lavabo)

acho que as wc's cada vez são menos interessantes, mesmo tendo em conta que passamos lá imenso tempo.

quanto ao piso 0... torna-se chato qd se tem visitas e pior ainda se alguma deficiente ou de certa idade... será q o regeu deixa n ter wc no piso 0?

e sim a varanda é de proporções interessantes... no verão o pequeno almoço deve ser agradável... :-)

cumprimentos!

6:08 da tarde  
Blogger AM said...

ora então mais uma vez muito obg

eu tb acho que os WC são cada vez menos interessantes... foi por isso que preferi "concentrar" "tudo" num único espaço com uns relativamente generosos 6.0 M2 (um espaço de planta rectangular com 2 por 3 metros) onde a "família" pudesse "cu-habitar" (saiu-me...)

não sei se passa no RGEU (provavelmente é omisso...) mas tb não interessa...
isto é um "exercício" de arquitectura que serve para o que serve... (não sei MESMO se irá servir para alguma coisa...)

quanto aos defs...
podia citar souto de moura... mas (informação privilegiada...) não o vou fazer...

não é coisa para me gabar, mas profissionalmente, pessoalmente, procuro ter a maior consideração por todas as pessoas...

um exemplo "concreto" relativo a este projecto:
como disse na posta, as casas "dão" directamente para o passeio (à maneira "tradicional", não existe nenhum logradouro a mediar a relação entre a via pública e a entrada nas casas...)
segundo as boas praticas do "desenho universal" (e já nem falo na lei...) isto implicaria uma soleira pouco menos que "virtual"
por outro lado, em termos de "imagem urbana", e em termos de "funcionalidade", não tenho dúvidas que as moradias deveriam ser "servidas" por um ou dois degraus, por uma ou duas "soleiras" (vamos dizer com cerca de 0.15M de altura...) para (inter) mediar a tal relação entre as casas e o passeio e fazer subir a cota do peitoril das janelas...

como resolver esta contradição?

de acordo com as boas praticas do "desenho universal" existirão muito poucas casas em Portugal em condições de ser utilizadas...
vamos obrigar à sua "reconversão", vamos impedir a sua "utilização", vamos "boicotar" as licenças de utilização para, por exemplo, efeitos de escrituras de compra e venda?

é claro que as questões do "desenho universal" são questões pertinentes que devem "nortear" os nossos "exercícios", mas resisto a certos "exageros"... quando a (não) aplicação do anterior DL 123 foi a vergonha que foi... quando os edifícios e as vias públicas são o que são, não me venham com... tretas

seguindo a tua argumentação valeria a pena perguntar se o RGEU ou o novo 163 autorizam habitações com mais do que um piso sem pelo menos um quarto no piso de "entrada"...

leis de ricos em pobres países...

6:58 da tarde  

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