sexta-feira, abril 21, 2006

Do Ensino da História como Aprendizagem do Amor à Arquitectura

"Para os estudantes e arquitectos para que serve hoje a história da arquitectura? Alheia a referências culturalistas, a arquitectura que hoje se constrói de acordo com o zeitgeist assenta essencialmente nos valores texturais dos materiais e na manipulação expressiva de imagens. Estas imagens não codificam uma "linguagem", isto é, não traduzem nenhum significado particular; os materiais são entendidos como superfícies onde se transita, como se pudéssemos estar dentro deles. Os resultados, minimalistas ou híbridos, estão em qualquer dos casos, ostensivamente de costas para a história da arquitectura. Os materiais e as imagens são utilizados como se a arquitectura se tratasse de uma ciência abstracta com raízes na arte e no pensamento. A história da arquitectura é assim uma nulidade - uma inutilidade - já que não caminha dentro dos materiais, e tem uma pulsão narrativa que vive da leitura de significados."

"A sua crescente autonomia em relação ao projecto corresponde, para voltarmos ao início do texto, à crescente autonomia do projecto em relação à história da arquitectura. A história da arquitectura serve a si própria, tal como a arquitectura se revê na sua própria materialidade e carga imagética. A autonomia disciplinar da arquitectura é assim cada vez mais apertada, aproximando-a perigosamente do campo do puramente artístico."

"Em arquitectura só se aprende verdadeiramente quando se sente necessidade de aprender. E qual é a necessidade de aprender história de arquitectura?"

Extractos do Notável artigo "História da arquitectura: no frigorífico, depois do supermercado", do Jorge Figueira, no livro de que tenho vindo a falar... e também no JA 202 (Set/Out 2001)...