sexta-feira, março 24, 2006

A Dialéctica do Gadanho

No primeiro paragrafo do texto que "acompanha" a publicação do "prometedor" projecto de CVDB para um "silo automóvel com habitação" em Lisboa, Pedro Gadanho, procede a uma análise em que distingue entre as obras-de-arte (pudim) instantâneas, ou obras-de-arte "postas de pescada", pré-anunciadas (e/ou requentadas, no micro-ondas) pela crítica da "especialidade" (culinária), e a que chama de "participação imediata numa espécie de história especializada da disciplina"; e as obras-de-arte com berço, "que nascem com a linguagem necessária" e "que respiram as vicissitudes da cultura urbana contemporânea", "para além do domínio do arquitecto" (sendo que em Lisboa, e a fazer fé nas notícias, se respira muito mal... e com cada vez maior dificuldade) especialmente "ungidas" para lidar (com as lides) de "um problema específico".
Eu para além de confessar, que certamente por incapacidades específicas, de (falta de) berço (ou seja, por ter nascido sem o dom necessário à linguagem), falho a compreensão da dialéctica do Gadanho, e sou assaltado (em pleno blog e ao lusco-fusco) pela recordação da casa vermelha (castanha) da "Guild House" em Philadelphia do Venturi.
A "Guild" pertencerá à primeira ou à segunda "categoria"? Será a famosa "Terceira Via" (se é que tal conceito de outras arquitecturas poderá ser importado, ou devolvido, à casa-mãe...) Vanna!
Vamos lá!
Sei que (a "Guild") é uma obra incontornável na "história especializada da disciplina" e que embora esteja "salvaguarda" e o reconhecimento do seu valor e importância (histórica e artística) decorra, " ainda em vida"(1) dos autores, não foi "sujeita" a nenhum processo de participação (seria melhor escrever "inscrição") "imediata"... Muito pelo contrário... e como se poderá comprovar históricamente pelo recurso ao "método comparativo" na comparação - pois - da "Guild" com a Crawford Manor em New Haven do Paul Rudolph, e conforme (para grande escândalo dos inteligentes) acabaria escarrapachado no Learning From Las Vegas.
Mas poderia "recordar-me" do muito mais recente Gug de Bilbão, para dizer a mesma coisa... "Ícone" e resolução de "um problema específico", simultaneamente, e em concomitância... se não tenho cuidado, ainda acabo (mal), a propor uma (outra?) definição de arquitectura, como sendo a "Arte da Transcendência da Matéria", que opera pela transformação dos problemas em oportunidades.

(1) "We have just learned that the building is now on the Philadelphia Register of Historical Places, even though the architect is still alive!", Robert Venturi, Denise Scott Brown, Architecture as Signs and Systems, for a mannerist time.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bem! Gostei de ler (é tão raro ter reacções...) e, mais uma vez, registei com agrado a ironia de fino recorte, mas confesso que também não percebi qual era o point que, finalmente, se desejaria contrapor. Anyway, espero q o diálogo continue! Dá-me vewrdadeiro prazer ter um critico atento! Obrigado
pedro gadanho

2:39 da tarde  
Blogger AM said...

olá pedro gadanho
peço desculpa por só hoje (dia 17 de junho de 2006...) ter reparado no teu comentário
lamento, mas não me admiro (da maneira - confusa - que eu escrevo), que não se perceba o tal (match) "point"...
o "jogo" continua!
:)

11:31 da tarde  
Blogger Pedro BC said...

Uma pequena nota relativa ao Guggenheim de Bilbau: serviu e resolveu, mas afirmou-se de tal forma que torna difícil de vender todo o desenvolvimento que se lhe segue/seguiu na cidade. É difícil "vender" a ideia de que "há vida para al+em do Guggenheim", em Bilbau. Porisso, nos cartazaes publicitários ao turismo em Bilbau, muitíssimo distribuidos recentemente em Barcelona, vários novos edifícios e espaços públicos da cidade são representados. O Guggenheim? Nem vê-lo...
Um abraço,
Pedro BC

2:42 da tarde  
Blogger Pedro BC said...

Isto só para dizer que resolveu um problema de atracção ineternacional, mas falhou e até queimou a "especificidade" local.

2:43 da tarde  

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