Centro de Artes de Sines
"Escrevo esta carta a propósito do artigo saído no Público (secção Cultura) no passado dia 22 deste mês onde se faz referência ao recém-estreado Centro de Artes de Sines, da autoria dos arquitectos Aires Mateus.
Quero deixar aqui um aviso relativamente ao auditório do Centro de Artes, no qual apresentei um espectáculo no passado dia 13 de Janeiro com a companhia Real Pelágio, a que pertenço. Tratou-se de uma iniciativa da Câmara Municipal, cuja organização, equipa e acolhimento só posso elogiar.
O problema está na concepção do auditório, que revela um total desconhecimento do que é uma sala de espectáculos e uma enorme falta de respeito por quem tem de trabalhar naquele palco e também para com o público. Não posso compreender como é possível que uma dupla de arquitectos aparentemente tão conceituada possa ter projectado uma coisa destas que ainda por cima é premiada! Numa altura em que tanto se luta, e bem, para que sejam os arquitectos a projectar neste país, parece-me que não é com exemplos destes que vamos longe.
Passo a especificar.
A saída de emergência está encostada à frente do palco e consiste numas escadas ladeadas por painéis de vidro(!) que conduzem a um corredor pintado de preto (paredes, chão e tecto). Espera-se que estas escadas possam salvar o público em caso de uma retirada de emergência, mas, para quem trabalha em cima do palco, são uma armadilha constante e perigosíssima! Basta uma pequena distracção e cai-se dentro de um buraco com uma altura inacreditável! Esteve para acontecer várias vezes a vários elementos da companhia. Por sorte, ainda não foi desta...
As varas de luz são monitorizadas, o que permite que os projectores sejam içados mecanicamente. Isto é muito simpático, só que os arquitectos pelos vistos não sabem que uma vez subidos os projectores, estes precisam de ser afinados para que a luz incida no sítio certo e não há maneira de lá chegar!
A inclinação da plateia em relação ao palco e a forma como as cadeiras estão alinhadas faz com que só os espectadores da primeira fila possam ver os actores de corpo inteiro. A partir da segunda fila, têm de contentar-se com meio-actor.
Está feito o aviso."
Sérgio Pelágio, Músico e Membro das Produções Real Pelágio, Marinhais
Cartas ao Director, Público, 3 de Março 2006
Quero deixar aqui um aviso relativamente ao auditório do Centro de Artes, no qual apresentei um espectáculo no passado dia 13 de Janeiro com a companhia Real Pelágio, a que pertenço. Tratou-se de uma iniciativa da Câmara Municipal, cuja organização, equipa e acolhimento só posso elogiar.
O problema está na concepção do auditório, que revela um total desconhecimento do que é uma sala de espectáculos e uma enorme falta de respeito por quem tem de trabalhar naquele palco e também para com o público. Não posso compreender como é possível que uma dupla de arquitectos aparentemente tão conceituada possa ter projectado uma coisa destas que ainda por cima é premiada! Numa altura em que tanto se luta, e bem, para que sejam os arquitectos a projectar neste país, parece-me que não é com exemplos destes que vamos longe.
Passo a especificar.
A saída de emergência está encostada à frente do palco e consiste numas escadas ladeadas por painéis de vidro(!) que conduzem a um corredor pintado de preto (paredes, chão e tecto). Espera-se que estas escadas possam salvar o público em caso de uma retirada de emergência, mas, para quem trabalha em cima do palco, são uma armadilha constante e perigosíssima! Basta uma pequena distracção e cai-se dentro de um buraco com uma altura inacreditável! Esteve para acontecer várias vezes a vários elementos da companhia. Por sorte, ainda não foi desta...
As varas de luz são monitorizadas, o que permite que os projectores sejam içados mecanicamente. Isto é muito simpático, só que os arquitectos pelos vistos não sabem que uma vez subidos os projectores, estes precisam de ser afinados para que a luz incida no sítio certo e não há maneira de lá chegar!
A inclinação da plateia em relação ao palco e a forma como as cadeiras estão alinhadas faz com que só os espectadores da primeira fila possam ver os actores de corpo inteiro. A partir da segunda fila, têm de contentar-se com meio-actor.
Está feito o aviso."
Sérgio Pelágio, Músico e Membro das Produções Real Pelágio, Marinhais
Cartas ao Director, Público, 3 de Março 2006
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home