domingo, fevereiro 13, 2011

falar (para o umbigo)

ontem à noite (agora é tudo ontem à noite...) estive a recuperar os (dois) "pu-gramas" recomendados (?) pelo (MC) Pedro
o primeiro (à volta do arquitectonês de Bak Gordon e de meia dúzia de casas... "bonitas"...) não me merece grandes comentários... (é verdade que as casinhas da alta burguesia fotografadas, filmadas, com "sensibilidade" e... "bom gosto", acompanhadas pela inevitável banda sonora "culta" dão vontade de cortar os pulsos ou de atirar com o "modelo" do Fernando Guerra da "cobertura" das fotografias... mas tirando isso...)
fiquei a pensar naqueles outros pu-gramas que (muitas) outras pessoas gramam... sobre decoração (q'ridos...), casas "extremas" (no discovery ou lá onde é...), McMansions (dos outros...) e o cepo... fiquei a pensar no sucesso, na eficácia, de difundir a cultura arquitectónica junto ao grande público, daquela (mais que elitista - manias...) maniera...
mas foi o segundo, sobre o "bairro" (com "entrevista" a Inês Lobo - calculo que o terceiro vá entre-vistar o "matateus", o quarto o "João Luís" e assim sucessivamente...), que (riscar nada) me incomodou/aborreceu/irritou...
irrita ("quanto a mim"...) a ideia (a "fala"...) que no "sistema" ("cidade") nada funciona... que a cidade (sempre Lisboa...) não "funciona"... (e no entanto ela, a "cidade", existe, e é habitada e mais ou menos vivida... e é mais ou menos - como a Main Street do Venturi... - "alright"...)
irrita a "fala" sobre a qualidade de vida da vida no bairro (parece que ainda estamos todos a viver na merda do tempo do pátio das cantigas...)
o que dá qualidade à cidade é a sua diversidade, o seu (desmesurado - enorme...) tamanho, é a possibilidade de saltar (da rapariguinha) do shopping à borda da via rápida para o descanso da esplanada no jardim-miradouro no "centro tradicional", é a ("simples") hipótese de saltar do "bloco moderno" (em banda ou em torre...) para um mergulho (pela ponte é um pulinho...) na praia da caparica...
as imagens (das mães de Lisboa no jardim, com os carinhos de bebé e os putos...) lá estão para a desdizer
quando "fala" da mobilidade refere o "carro" e o "andar a pé" esquecendo (ou relegando) a importância do transporte público colectivo para o "sistema" cidade... (será isto a melhor maneira de "difundir a cultura arquitectónica junto do grande público"!?...)
por outro lado a diabolização do "carro" para a vida, e cito, "num sítio perfeito", raia (de raiar) o absurdo (ou a paranóia...)
o discurso sobre as "marquises" - tantos anos depois de MGD... - alinha pela mesma vulgar vulgata (do "lugar-comum" à lá... "arquitecto"...)
as "marquises" têm menos a ver com a "conquista do espaço" ou com o desinteresse pelo "desinteressante" (diz quem!?...) "espaço exterior", que com a necessidade de evitar (pedaços de) espaços muitas vezes inúteis que as pessoas (trabalhadoras...) não tem tempo nem paciência para manter (nas classes "altas" - desculpem lá o mau jeito... - o "problema" coloca-se de uma maneira completamente diferente...)
outras coisas poderiam ser ditas, escritas, "faladas"... mas para quê...
diz que a arquitectura (é) uma das disciplinas em que os portugueses mais têm marcado pontos internacionalmente!?
yeah... right...
(camone...)

8 Comments:

Blogger alma said...

AM,
:)
neste meu mundo pequenino e periférico a maioria
pensa mal
projecta mal
e vive muito mal
e depois frágeis como são passam-se com umas parolices de outros parolos estrangeiros :)

fora raras excepções não há sentido de análise nem de critica :)
ficam-se por clichês da treta
guiam-se por um IN/OUT ditados por umas modistas estrangeiras

7:03 da tarde  
Blogger AM said...

uau! :) que coment :)

7:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não estou de acordo com a crítica, a mim pareceu-me uma forma interessante de dar a conhecer o pensamento dos nossos melhores arquitectos, o seu interesse por compreender o sentido histórico da nossa arquitectura estabelecendo relações (Raul Lino > Zumtor) e o entendimento da cidade como sistema nascido no século XIX das luzes e que devemos por a funcionar, no aspecto elevado dos edificios criando bairros sob eles onde a marquise não é desnecessária senão em situações limite. Este sentido de entendimento histórico do que pode ser a relação da arquitectura (simples) com a paisagem a necessitar de a preservar e também do sistema cidade/bairro que encontra nos edificios elevados (e também não elevados do Siza) aspetos favoráveis e anti-condomínio fechado (ou aberto) pode interessar ao público qualificado em geral.
Jorge Dias

2:11 da manhã  
Anonymous Quando as Televisões eram Brancas said...

Errata: programas REFERIDOS (e não programas RECOMENDADOS). Embora de deva referir que, se não me falha a memória, serão porventura os melhores programas sobre arquitectura "pós MGD" que tive oportunidade de ver.

3:12 da manhã  
Blogger AM said...

caro Jorge Dias

o seu comentário deixou-me com um sorriso parvo para todo o dia/semana/mês/ano
muito obrigado

pedro (quando a missa era outra) :)

o facto de serem ("provavelmente") os melhores programas sobre arquitectura "pós MGD" diz mais sobre o que NÃO têm sido os programas sobre arquitectura que outra coisa qualquer
como maneira de "difundir a cultura arquitectónica junto do grande público" tenho a ideia que será um completo fracasso (a esta hora o "grande público" está a ver o Gordo no canal 1...)

7:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

De facto as escolhas dos convidados são assim um pouco para o previsível, embora a previsão do ODP tenha falhado: 3º episódio para toussain.

12:33 da manhã  
Blogger AM said...

eu, por respeito pelas boas memórias dos meus bons tempos de estudante, eu nem sequer quero/vou comentar essa escolha...

7:33 da tarde  
Blogger AM said...

apaguei, evidentemente
espero que não repita(m)

7:32 da tarde  

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