passe longo
o João é que podia escrever qualquer coisa sobre a cidade informal e sobre o espaço liberal da favela enquanto fantasia e sonho molhado das novas pilastras da velha direita (tuga) com saudades da madame Margaret-a (na guilhotina...)
15 Comments:
o joão acha que a solução para a favela (a haver) não passa pelo camartelo e passa, justamente, pela espontaneidade que a coisa vem demonstrando. assim, um adam smith temperado com serviços socias da competência do estado. estás a ver? thatcher nos trópicos, you see?
e não, o liberalismo não é a demissão do estado. pelo menos na sua função de deter o monopólio da violência. coisa que, aproveitando o vazio que gera o horror político, os narcotraficantes souberam muito bem substituir-se.
além de que, como é óbvio, é um problema que começa na cordilheira andina e só termina nas travessas cocaína da upper east side, do lux, dos champs elysees, de chelsea, and so on.
e tenho escrito sobre o assunto, não?
e o joão vai agora tomar um chopp com vista para a favela que tem a melhor vista do rio de janeiro. não é terrível;
fino! :)
poupei-me, poupei-te, a essa do liberalismo como demissão do estado :)
that-cher-ie nos trópicos é de tópico! :)
será a reencarnação da Dilma!!!??? LOL
a social-democracia então
nada de novo (está tudo inventado...) a baixo do equador
tinha graça escreveres uma coisa de grande fôlego com citações - tipo academia... - sobre o tema
eu, pelo menos, ia gostar muito de ler...
(excelente, a recepção do passe) :)
uma coisa dessas dá muito tabalho. acredita. e por mais curioso que pareça, não tenho encontrado ninguém que me passe (curto) bibliografia de referência sobre a realidade da favela. ainda mais curioso é a ausência de investigação arquitectónica. à excepção da 'estética da ginga' que me parece um pouco fantasioso. (mas lá irei.)
claro que isto é a minha imensa ignorância a falar, mas com o tempo espero chegar mais adiante, ou mais acima no morro.
em todo o caso, a contemplação da realidade da favela operou uma volta epistemológica na minha pessoa, como sói dizer-se.
lá irei, lá irei.
percebo :)
fiz uma pesquisa por cidade informal e espaço neo-liberal :))) e tb não fui muito longe :)
o problema é que essas categorias, vamos lá, oitocentistas, falecem às mãos de uma realidade avassaladora, global e globalizante (pareceu o eduardo lourenço, esta, passe a modéstia).
o mike davis, de extracção marxista tem reflectido, e muito, sobre a coisa. evidente que para ele, a culpa é do grande capital. tem algumas razões, mas o modo causa-efeito, o determinismo marxista, après tout, em que labora parece-me muito pouco sofisticado e, vamos lá, básico.
não li, do marxista davis, mais que os excertos
a esquerda circa 68 "aprovou" a cidade informal das favelas
há um lado "progressista" e um lado "reaccionário" nessa "aceitação" mas eu não sei desenvolver muito mais que isto
o direito a "okupar", a habitar a terra, mesmo a "privada" será (no meu entender) o lado mais positivo de se olhar para aqueles aglomerados, mas uma aceitação meio "favela-chic" é também uma forma de aceitar a desigualdade que lhe está na origem...
por outras palavras... as pessoas que habitam a favela tem os mesmos direitos à cidade "tradicional" ("moderna") que os outros todos
e isso tem que ser mais, tem que significar mais, que o direito a descer o morro para trabalhar no apartamento do rico...
mas eu isto tudo é só das novelas... (não consigo imaginar nem a escala física nem humana do "fenómeno"...)
pena que a blogo seja uma merda e mais ninguém (com dois dedos de testa) entre na nossa conversa
"fuso horário"
tenho que ir...
a escala é avassaladora, como te disse. perturbante e muito muito longe de qualquer imagem que possas construir.
confesso que não sei fazer essa arqueologia ideológica assim.
do que consegui perceber, a favela nasceu numa espécie de 'revolta' de militares que tinham vindo de uma campanha na bahia e não lhes deram 'assentamento' na cidade do asfalto (é esse o nome). em são cristovão.
a coisa foi crescendo, as obras do passos, no início do século, com um arquitecto encomendado à academia francesa, rasgaram as avenidads do centro da cidade e tentaram urbanizar o que era, então, o rio.
mas elas cresciam, e cresciam, ao ritmo da cidade. vi imagens de copacacabana/ipanema/leblon dos anos 30 em que eram apenas praia. e hoje é o cartão postal da caidade (zona sul). a própria divisão por zonas (sul, centro, oeste, norte) decorre dos planos dessa época.
a ocupação dos morros - baldios - teve aceleração aquando das obras de urbanização justamente de copacabana, ipanema e leblon. morros ocupados por gente que trabalhava na consturção da cidade do asfalto e roubavam uns materiais e umas sobras de materiais para irem construindo as favelas.
(aliás, a própria denominação 'cidade maravilhosa' decorre dessas obras do pereira passos, que aliavam o horizonte higienista à renovação da 'imagem' da cidade. a cidade maravilhosa por contraponto à cidade da doença que a peste negra ou a febre amarela, uma dessas, ia matando. remember hollywood e a urbanização que lhe dá nome?)
durante muitos anos o debate era o que fazer. e nesse o que fazer, a resposta era invariavelmente a destuição simples da favela. tanto o desenvolvimentismo jk como a ditadura militar andaram por aí. as hipóteses dos arquitectos também eram sempre essas. estruturar a cidade na premissas 'formais', derrubando a favela e a vida que lhe subjaz. mas a favela é mais poderosa que o asfalto, e assim que era derrubada, ela levantava-se no lote ao lado. literalmente. como cogumelos.
a destruição deixou de se hipótese.
hoje, muito menos. a violência que está no interior da favela está relacionada com o narcotráfico, com a demissão do estado, com a indiferença da cidade do asfalto.
o que se sente, nestes últimos acontecimentos - pese embora toda a violência - é que há, finalmente, um horizonte de esperança, quer para os asfaltados, quer para os favelizados. porque há elementos políticos, de política criminal, de política social, de percepção do trabalho das forças policiais que, ao que me contam, são novos.
desenvolverei.
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como nas cenas dos próximos capítulos...
a mim o que mais me interessa é mesmo esse entendimento ideológico da "questão" da favela
porque, pelo menos em parte aquilo é "vendido" como um (contra) modelo de "liberdade"...
http://sambadoaviao.blogspot.com/2010/12/de-bello-niveadomensis.html
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