quinta-feira, julho 08, 2010

rascunhos










I

no princípio era o Schinkel (mas antes do Schinkel o Gilly e antes do Gilly, sempre, outro qualquer...)
provaram-se uns tantos (mas não, longe disso, todos...)
o Altes a-provou
(corpo) robusto, maduro, subtil no detalhe (igualmente fantásticos os alçados menos batidos...), cor rubi (ou seria "grenat"!?) para os ("enormes"...) "tijolos" (que tanto inspiraram o sagaz Venturi...) que fazem de "fundo" para as colunas...
a rotunda não confirmou a(s) expectativa(s)
desiludiu na escala (ai o confronto com as fotografias de arquitectura...) e no e-feito (o espaço entre as colunas e a parede "curva", concava - mais valia umas pilastras... - é pouco menos que imprestável...)
infelizmente não foi (não é!?) possível subir as imaginosas (mas estranhas...) escadas de acesso ao piso superior para confirmar a qualidade do desenho dos degraus no confronto (choque) com os (muitos) frisos e para saborear a recriação do (genial!) desenho com as vistas sobre o "espaço público" e a (arquitectura da) sua - dele... - cidade (aquele em que as colunas parecem, pelo menos em parte, "flutuar"...)
mereceu, do Asplund ao Stirling, todas as quentes (escaldantes mesmo...) "ho(t)menagens"
mereceu do Mies (esse Schinkel wannabe...) a aprendizagem para a implantação do Seagram mas não (estranhamente...) para a implantação da nova (e igualmente imprestável - but more latter...) Galeria Nacional...
a casa da guarda é a jóia que se adivinhava
a construção do discurso (construtivo, estético) entre a pedra e o tijolo, entre o "alçado principal" (Unter den Linden) e "os outros" chega a ser comovente
o interior (bombardeado, não custa adivinhá-lo...) não existe conforme o original mas vale a pena (digo eu) estudar a planta para aprender a encaixar (melhor) a complexidade de um programa numa forma "pura" (nada que também não tenha atormentado outros grandes como o Loos ou o Corbu...)
o Pavilhão Novo (ou Schinkel) nos terrenos do Palácio Charlonttenburg é que só da janela do autocarro no regresso ao aeroporto... mas fica para a próxima...
com a "Schinkelmania" que vai por Berlim (e com o Processo de Reconstrução - da história...- Em Curso...) lá para 2020-25 já devemos ter mais um ou dois "Schinkel" para ver...
a despropósito... comemora-se, em 2010, os duzentos anos do início da carreira de funcionário público de Schinkel...

ao lado do Altes, na chamada ilhas dos museus, a "velha" (mas boa...) Galeria National de Stüler e Strack é ainda a melhor homenagem ao original (e melhor que o original?...) de Gilly para o monumento a Frederico o Grande
espaços surpreendentes (inesquecível a sequência de espaços em "pétala" na "cabeceira") para uma colecção que à excepção do favorito do ODP, a ilha dos mortos, não chega sequer a aquecer...
ao contrário do Altes, é irrepreensível nas comodidades modernas de sanitários, loja e tal...

o Pergamonmuseum é um pagode
não literalmente (isso é a entrada do zoo...), mas figurativamente
da entrada por ponte (é como aceder a um castelo medieval) ao cubo pop da "loja" que faz as vezes de fachada principal, à falta de condições de segurança que se presentem ao circular, não há muito para recomendar... o espólio duvidoso (colunas "helénicas" de betão!?...) e a museologia (ultra) passé fazem o resto
chega, no seu anacronismo, a ser divertido
a precisar de obras urgentes (mas só depois de dada por terminada a nova "coqueluche" - que luxo... - do novo museu do Chip...)

o melhor, para um arquitecto, de passar uns dias em Berlim, é a possibilidade de correr alguma da arquitectura que fez história (ou apenas - se é que faz alguma diferença... - moda...) nos últimos 200 anos...
na passagem da primeira metade do XIX para o início do XX, queriam-se (muito) bem estudados os... "sobreviventes"
três (e é tudo assim...) Mendelsohn, três siedlungs, etc.

(do) Mendelsohn

o (ainda) "juvenil" Rudolf Mosse tem vindo a ser recuperado como exemplo de intervenção "moderna" em estruturas preexistentes (o Owen escreveu, e bem, sobre isso)
o impecável (está como no primeiro dia...) Metal Workers' é (a variedade gramatical e vocabular deste blogue mata-me...) impecável
é fácil perceber (mesmo na impossibilidade de o visitar e aos seus interiores - sorry, we are closed...) a força da obra e compreender a sua imensa (mesmo no incipiente "modernismo" português...) influência
o Woga Complex (and Universum Cinema) merecia ser muito melhor conhecido (e estudado) como o brilhante projecto de "desenho urbano" moderno (pré Carta de Atenas...) que é
talvez assim se pudessem evitar tantos "lugares comuns", asneiras e outros "pré-conceitos" sobre a "falência" do (projecto) moderno

(dos) Siedlungs

na impossibilidade de correr (pernas para que te quero) os seis conjuntos classificados pela Unesco optou-se por concentrar atenções (e provisórias conclusões) na adorada ferradura (e arredores...) do Hufeisensiedlung do Bruno Taut e do Martin Wagner (sim eu sei que não estamos aqui propriamente a falar de "novidades"...), na (quase) "caderneta" (de cromos) do Siemensstadt (Otto Bartning, Fred Forbat, Gropiou, Häring, Scharoun e Paul-Rudolf Henning) e no conjunto (não classificado - vá lá um simples bloguer a-perceber uma coisa destas...) da Onkel Toms Hütte
does a siedlung have to be dead white to get into Unesco check list!?
in a german farmhouse just drinking beer...









II

a famosa Berlim "moderna" (leia-se "contemporânea"...) tem a elegância de uma manada de elefantes em fúria a atravessar uma loja de porcelanas... o (quase) encosto (mais um bocadinho e tocavam-se mesmo...) das horrorosas maldades "modernas" com a traseira da biblioteca (do Scharoun) chega a ser (cambada de garganeiros...) aflitivo...
a tendinha dos tendeiros da sony com a sua música techo-eco-pimba no "video-hall" (com "sons da natureza" e tudo...) dá uma moca desgraçada
ninguém pensou (nem reparou) que para "tendas" - cambada de grunhos - já chegam as quase vizinhas das "casas da música" do Scharoun!?
do outro lado (da bilioteca) a, em todos os sentidos, o-posta (para que te quero...), Galeria do Mies
o preconceito, confesso, é grande, mas ao contrário de tantas outras durante a viagem, a (força da) obra não se soube fazer sentir (em mim)
estava (como convém...) vazia... com um candelabro dependurado do tecto (!?) e com umas alcatifas a forrar o pavimento que remetiam, candelabro e alcatifas, para o espaço sagrado de uma mesquita
arte, pela certa
multicultural
havia muito mais (Das Hansaviertel, dos IBA's, etc.) para contar mas agora vou continuar a matar mosquitos...
antes da despedida (da posta...) apenas o meu mais sincero pedido de desculpas por estas minhas barbaridades...
I'm therefore sorry (etc.)
III
arquitectura ou burka?

5 Comments:

Blogger alma said...

AM,
Que pedalada :)

resumindo:

Berlim não é uma cidade,
mas um mostruário de arquitectura... :)

o Hejduk está perdoado :)
e não há uma palavrinha simpática tb para o Rossi?!

3:16 da tarde  
Blogger alma said...

arquitectura ou burka ?
:)
antes uma boa burka
que a humilhação de uma carcaça sem alma :)

3:20 da tarde  
Blogger AM said...

pedalada? :) ou massacre no welcome card? :)
o rossi é aquele arquitecto das chaleiras, right!?... :)))
para ter uma palavrinha simpática pró Rossi teria que dedicar um parágrafo (igualmente simpático...) ao Siza :)
o Hejduk revelou-se outro campeonato :)
arquitectura burka é arquitectura sem alma :)))
é "arquitectura" pele, tatuada, embrulhada
coisificada :)
politicamente correcta :)
e multicultural
nem o museu judaico, com o seu capote de zinco, escapa... :)

7:51 da tarde  
Blogger alma said...

AM,
Escreva sobre o Siza :)
Gostava de ler a sua opinião sobre a intervenção do Rossi em Berlin :)

12:01 da manhã  
Blogger AM said...

primeiro tenho que actualizar a bandeirada para a posta a pedido :)

8:57 da tarde  

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