Manual de Instruções
Olá Lourenço, muito obrigado pelo teu comentário.
Algumas observações:
Escreves tu: "Nós gostamos de ruas, das ruas que gostamos, porque os edifícios se subjugam a uma lógica urbana que os transcende."
Sim e não... Nós gostamos da Baixa pela "repetição", pela "subjugação" à transcendência da regra, mas também gostamos (eu pelo menos gosto) das excepções à regra. Gosto do "insubmisso" Banco Totta e Açores do Ventura Terra e do "decorativo" Edifício da Agência Havas do Carlos Ramos, ambos (os dois...) na Rua do Ouro.
São "gestos artísticos" que contradizem o "totalitarismo" do plano inicial, mas que na minha opinião apenas o enaltecem e valorizam.
Aliás, a força do plano, do seu desenho urbano e da sua arquitectura, a tudo (menos às obras do metro...) aparenta "resistir".
O plano "modelo", condescende, civilizada e educadamente, com a "arrogância" dos (dois) "artistas"... e assim é que é bonito.
O desenho da cidade, dos espaços colectivos da res-pública quer-se "limpo" e, tanto quanto possível, "neutro". A arquitectura okupa-o a-gosto, conforme a sensibilidade e, coisa mais rara, o talento de cada um dos seus "desenhadores" de circunstância.
O que é que a seu tempo, diria um qualquer "Roger" da nossa praça, de tais arquitecturas "extra-lavagantes? (Salvo erro o Paulo Varela Gomes já escreveu sobre isto das "excepções" da baixa...)
Como uma vez li ao Siza, nestas coisas "das regras, dos modelos e das excepções", não dá mesmo é para regra(r). Uma construção "condenada" (pela escala, localização ou programa) à inevitável "in-visibilidade", pode revelar-se mais fecunda para os e-feitos do artista, que a encomenda do mais público e "visível" (uma das preocupações do Old "Roger"...) dos "templos"...
É, como sempre, importante, saber "ponderar" (Rorty) nos "pratos-da-balança", o "desejo" (do "estilista"...) com a "modéstia" (da "costureirinha"...). Um (bom) exemplo recente do que quero dizer é a fachada (neste "post" é "apenas" a fachada) do Cine-Teatro do Cartaxo... mas o Scruton (precisamente) não ia gostar... mas também podia escrever sobre o(s) projecto(s) do Venturi & Co. para o Philadelphia Orchestra Hall...
Quanto à "necessidade" de "uma arquitectura mais silenciosa", não posso estar mais de acordo...
Pessoalmente, necessito de silêncio, como do pão para a boca... e para além disso, canta-se por aí, o "silêncio é sexy".
Infelizmente não conheço a A10, mas não deixa de ter piada, a "prece" dos ruidosos, palavrosos e "espalhafatosos" holandeses, por... "silêncio".
Sobre o ensino na "escola" não vale a pena derramar-me...
... pelo que... e voltando ao "ponto"...
Podemos defender a permanência de modelos, podemos até ambicionar a existência de uma ou mais "ordens" que nos "salvem e guardem" - quais "anjinhos-da-guarda"... - do "ego-à-solta" de muito auto-pro-clamado "artista", mas na minha "visão" das coisas, e para as nossas (igualmente) ambicionadas sociedades democráticas "multiculturalistas" (como não se cansa de repetir, entre muitos outros, o Venturi), esse "regresso à ordem" não oferece nada de "desejável".
"Manual de instruções" é o Byrne, a "recriar" (estou a ser generoso...) o Siza e o Gregotti.
"Manual de instruções", são os Aires Mateus a "replicarem" (idem...) o "padrinho"...
"Manual de instruções" não são sequer as nostalgias bem intencionadas e "sustentáveis" do Krier e do Príncipe, avançadas e "scrutinadas" pelo Scruton, mas apenas a perpetuação ad-qualquer coisa, da última das "novas" regras...
É esta a arquitectura, é esta a "relação" com a arquitectura, que o Lourenço quer... manter?
Mais uma vez muito obrigado pelo comentário.
Um abraço "à AM"... estamos em "rede" também para isto...
Yours,
Algumas observações:
Escreves tu: "Nós gostamos de ruas, das ruas que gostamos, porque os edifícios se subjugam a uma lógica urbana que os transcende."
Sim e não... Nós gostamos da Baixa pela "repetição", pela "subjugação" à transcendência da regra, mas também gostamos (eu pelo menos gosto) das excepções à regra. Gosto do "insubmisso" Banco Totta e Açores do Ventura Terra e do "decorativo" Edifício da Agência Havas do Carlos Ramos, ambos (os dois...) na Rua do Ouro.
São "gestos artísticos" que contradizem o "totalitarismo" do plano inicial, mas que na minha opinião apenas o enaltecem e valorizam.
Aliás, a força do plano, do seu desenho urbano e da sua arquitectura, a tudo (menos às obras do metro...) aparenta "resistir".
O plano "modelo", condescende, civilizada e educadamente, com a "arrogância" dos (dois) "artistas"... e assim é que é bonito.
O desenho da cidade, dos espaços colectivos da res-pública quer-se "limpo" e, tanto quanto possível, "neutro". A arquitectura okupa-o a-gosto, conforme a sensibilidade e, coisa mais rara, o talento de cada um dos seus "desenhadores" de circunstância.
O que é que a seu tempo, diria um qualquer "Roger" da nossa praça, de tais arquitecturas "extra-lavagantes? (Salvo erro o Paulo Varela Gomes já escreveu sobre isto das "excepções" da baixa...)
Como uma vez li ao Siza, nestas coisas "das regras, dos modelos e das excepções", não dá mesmo é para regra(r). Uma construção "condenada" (pela escala, localização ou programa) à inevitável "in-visibilidade", pode revelar-se mais fecunda para os e-feitos do artista, que a encomenda do mais público e "visível" (uma das preocupações do Old "Roger"...) dos "templos"...
É, como sempre, importante, saber "ponderar" (Rorty) nos "pratos-da-balança", o "desejo" (do "estilista"...) com a "modéstia" (da "costureirinha"...). Um (bom) exemplo recente do que quero dizer é a fachada (neste "post" é "apenas" a fachada) do Cine-Teatro do Cartaxo... mas o Scruton (precisamente) não ia gostar... mas também podia escrever sobre o(s) projecto(s) do Venturi & Co. para o Philadelphia Orchestra Hall...
Quanto à "necessidade" de "uma arquitectura mais silenciosa", não posso estar mais de acordo...
Pessoalmente, necessito de silêncio, como do pão para a boca... e para além disso, canta-se por aí, o "silêncio é sexy".
Infelizmente não conheço a A10, mas não deixa de ter piada, a "prece" dos ruidosos, palavrosos e "espalhafatosos" holandeses, por... "silêncio".
Sobre o ensino na "escola" não vale a pena derramar-me...
... pelo que... e voltando ao "ponto"...
Podemos defender a permanência de modelos, podemos até ambicionar a existência de uma ou mais "ordens" que nos "salvem e guardem" - quais "anjinhos-da-guarda"... - do "ego-à-solta" de muito auto-pro-clamado "artista", mas na minha "visão" das coisas, e para as nossas (igualmente) ambicionadas sociedades democráticas "multiculturalistas" (como não se cansa de repetir, entre muitos outros, o Venturi), esse "regresso à ordem" não oferece nada de "desejável".
"Manual de instruções" é o Byrne, a "recriar" (estou a ser generoso...) o Siza e o Gregotti.
"Manual de instruções", são os Aires Mateus a "replicarem" (idem...) o "padrinho"...
"Manual de instruções" não são sequer as nostalgias bem intencionadas e "sustentáveis" do Krier e do Príncipe, avançadas e "scrutinadas" pelo Scruton, mas apenas a perpetuação ad-qualquer coisa, da última das "novas" regras...
É esta a arquitectura, é esta a "relação" com a arquitectura, que o Lourenço quer... manter?
Mais uma vez muito obrigado pelo comentário.
Um abraço "à AM"... estamos em "rede" também para isto...
Yours,
4 Comments:
Chamara ruidosos, palavrosos ou espalhafatosos aos holandeses é não conhecer, de todo, nem a produção arquitectónica corrente na Holanda, nem a base teórica em que ela assenta.
Sabe que o João não deixa de ter uma certa razão... eu não acompanho, Deus me livre, a "cena" da posta corrente na arquitectura holandesa... mas gosto muito de muitas obras de muitos (é muito muito?...) arquitectos holandeses... do final do XIX aos 60/70 do XX
A arquitectura holandesa actual, pelo que (mal) acompanho das revistas ou dos blogues, está na berra... e berra que se farta!...
O "joão", como conhecedor é que me podia dar uma "lição"...
A caixa de comentários está à sua disposição...
Há uma arquitectura "holandesa"?!
E assenta(-se)numa base teórica e tudo?.
Muito se aprende com quem acha que sabe...
caro gad
nem me digas nada
estou à espera de levar cá uma "dose" em "produção corrente" do "joão"
continuo à espera joão, a caixa de comentários desta ou de outra posta qualquer continuam à tua disposição...
pelo sim pelo não, enquanto espero, e se não te importas, vou assentar a minha base teórica...
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