Corpos Teóricos
Caro L., faço meus (1, 2 e 3), os teus Links.
Só não percebo mesmo o que é que o pobre do Siza tem a ver com o assunto... Se há arquitecto que sempre soube ponderar as "circunstâncias" do projecto, com as necessidades da cidade (de "cada" cidade em "particular") e com o interesse da "Res publica", esse arquitecto, único entre as "estrelas" do Starchitect (ao qual pertence, por assim dizer, "malgré lui"...), então esse arquitecto, repito, é o Siza...
... mais que criticares o "dossier" do Ípsilon sobre o Siza, gostaria de ler-te a criticar o "Vazio" da exposição do Siza na TAL. Uma exposição, que segundo as palavras do seu respeitável Komissário Kurador, "reuniu tudo o que tinha disponível" ... Diz (diz o texto de António Henriques na "Linha" do Expresso de 9 de Junho) que compete aos visitantes (da exposição) "saber ler nas entrelinhas" ... Palavras (Komissariar...) para quê?... é apenas mais uma exposição de arquitectura na TAL do Vazio...
Só não percebo mesmo o que é que o pobre do Siza tem a ver com o assunto... Se há arquitecto que sempre soube ponderar as "circunstâncias" do projecto, com as necessidades da cidade (de "cada" cidade em "particular") e com o interesse da "Res publica", esse arquitecto, único entre as "estrelas" do Starchitect (ao qual pertence, por assim dizer, "malgré lui"...), então esse arquitecto, repito, é o Siza...
... mais que criticares o "dossier" do Ípsilon sobre o Siza, gostaria de ler-te a criticar o "Vazio" da exposição do Siza na TAL. Uma exposição, que segundo as palavras do seu respeitável Komissário Kurador, "reuniu tudo o que tinha disponível" ... Diz (diz o texto de António Henriques na "Linha" do Expresso de 9 de Junho) que compete aos visitantes (da exposição) "saber ler nas entrelinhas" ... Palavras (Komissariar...) para quê?... é apenas mais uma exposição de arquitectura na TAL do Vazio...
posted by AM at 10:23 da tarde
10 Comments:
e eu queria enviar-te uma imagem mas nao tenho como
um velho palacete
para ver se o descobres
O comentário era sobre o tom da reportagem, não sobre o Siza, como é óbvio. O título, se não me engano, era qualquer coisa como "entre Deus e os homens". Só para vomitar. O pobre Álvaro não tem culpa.
Este comentário foi removido pelo autor.
Caro L.
não me parece que exista a possibilidade de um "corpo teórico de arquitectura que assentem em pressupostos verdadeiramente liberais", ou, já agora, que assente em qualquer outra "ideologia"
... um "corpo teórico de arquitectura" só poderá assentar em pressupostos verdadeiramente... arquitectónicos...
já lá dizia o semi-Deus do Siza: não são as arquitecturas que são fascistas, são os arquitectos...
Não sei o que são pressupostos verdadeiramente arquitectónicos. Se há alguma coisa que a história de arquitectura nos ensina é que ela acompanha (e não influencia, como gostam de pensar alguns arquitectos) o espírito do tempo e o pensamento político de cada época. Há princípios extra-arquitectura que são comuns às várias áreas da sociedade, e é isso que o João Luís Ferreira explica bem, que a arquitectura adopta. Ao nível do planeamento urbano, por exemplo, as ideologias são facilmente identificáveis.
Quando escrevi que um "corpo teórico de arquitectura", que uma teoria de arquitectura, só poderá assentar em pressupostos verdadeiramente arquitectónicos, estava a pensar na tríade Vitruviana, salvo melhor opinião, ainda a mais fecunda de todas as teorias que existem.
Não concordo nada com essa ideia de uma espécie de correspondência muito tu cá tu lá, entre ideologia e planeamento urbano... afinal de contas a Carta de Atenas triunfou dos dois lados da cortina (e um pouco por todo o mundo...) e o Le Corbusier não é propriamente conhecido e apreciado como um modelo de coerência ideológica...
Termino com uma pergunta:
Achas que a perequação vota no Partido Liberal ou no Bloco de Esquerda? :)
Podes, por exemplo, definir um modelo de planeamento urbano que seja suportado sempre pelo Estado, ou um modelo que convoque mais seriamente os privados. A perequação, por exemplo, é um passo na segunda direcção. Mas há coisas mais interessantes e que denotam "ideologia": o modernismo e a sua voracidade pela "tábua rasa" impuseram um socialismo progressita que esteve intimamente ligado à ideia do "homem novo" e de um optimismo internacional de "esquerda". A "reacção" (e uso a palavra ironicamente), com o regionalismo crítico, por exemplo, é uma ideia conservadora, e não é coincidência que em Portugal tenha chegado pela mão de Fernando Távora, um dos poucos que nunca receou afirmar-se "de direita" (vénia). Pensar que a arquitectura não é ideológica é ser ingénuo.
Não, não vamos ser ingénuos... A arquitectura é, como todas as coisas, parte (do discurso) da política, da ideologia, e da luta pelo poder! :)
Não vejo o "regionalismo critico" como algo necessariamente conservador e/ou de "direita".
(O "franjinhas" à esquerda é tão ou mais "regionalista crítico", que o mercado de Vila da Feira...)
O regionalismo crítico é como a pescada (antes de o ser já o era...) e muitos dos mestres da primeira geração do movimento moderno também por lá passaram...
(O "regionalismo crítico" já está presente na primeira exposição do "International Style" no MOMA.)
A associação do "modernismo" à "tábua rasa" e ao "socialismo progressista" é redutora da diversidade e infinita riqueza (também ideológica) da arquitectura desses tempos heróicos.
A perequação tanto pode ser vista à direita, como um sinal de abertura à (chamada) "iniciativa privada", como – à esquerda mais ou menos socialista... – como um equilibrado e "socialmente justo" mecanismo de redistribuição do direito à edificação... e do direito à redistribuição das mais valias...
Da mesma maneira os "Siedlung"... forma moderna por excelência de construir as cidades europeias no pré e no pós-guerra, dos "vermelhos" da Republica de Weimer, ao governo "democrata-cristão" das Olimpíadas de Roma...
O Távora era de direita, mas pela sua arquitectura ninguém diria... (é o autor e não a obra que "denota" a ideologia).
É um pouco como aquela discussão sobre o sentimento religioso do Siza a (des)propósito da igreja de Marco de Canaveses... não interessa nem ao menino Jesus.
«O Távora era de direita, mas pela sua arquitectura ninguém diria...»
Eu espero que a arquitectura nunca torne evidente se A ou B é de esquerda ou de direita. Mas não tenho dúvidas que o ambiente académico da arquitectura tem uma variedade ideológica que varia entre o anarquismo e o centro-esquerda. Ser "de direita" numa faculdade de arquitectura é algo que se deve ocultar de mansinho.
isso é outra conversa...
... coitadinha da direita "okulta" nos armários das faculdades de arquitectura...
grew up!
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