sábado, março 10, 2007

Bed Time Stories

A outra questão é pensar a imensa fraude que é o poder autárquico criado pela Constituição de 1976: o panorama global vai desde o puro e simples peculato até à empresa municipal criada exclusivamente para assaltos à mão jurídica ao bolso dos contribuintes.
Aos menos nestes casos a lei é religiosamente cumprida: o que é que impede um município de criar uma empresa municipal com três administradores e dois assalariados para publicar o jornal do concelho? O que é que impede a EPUL de contratar uma imobiliária para alienar as suas construções?
Do ponto de vista legal, levando em conta os amplos poderes que detém o gestor de uma empresa municipal, até se pode concluir que estes senhores, de uma maneira geral, observam uma certa contenção. Há casos em que se limitam a receber remunerações e ajudas de custo por funções inexistentes sem se apropriarem de nada.
Contra tudo isto não há Tribunal de Contas que nos valha. Mesmo que o Ministério Público não arquivasse os processos e o sistema judicial tivesse uma função dissuasória, o poder local, com esta estrutura constitucional, seria sempre um cadáver apodrecido a poluir o sistema político português.

Infelizmente, por ser verdade e por nada mais, não posso senão concordar com o conteúdo do artigo de opinião de Saldanha Sanches no caderno de Economia do Expresso de hoje.
Sobre as empresas municipais também já escrevi umas coisas, e ainda (muito) recentemente voltei a chamar a atenção para esse glorioso "achievement" dos nossos empreendedores (e de que maneira...) "gestores" locais nas "empresas" de capitais (como as tostas...) "mistos".
Só que isto de estar sempre a bater no ceguinho ou a dar pontapés em quem já está (de rastos...) pelo chão, para além de ser um desportivo exercício físico especialmente simpático aos portugueses de boa cepa e de botas cardadas... também cansa.
Se o poder autárquico é "um cadáver apodrecido" (que não procria...) estendido ao comprido no tapete da sala de estar e a "atrapalhar" os passinhos de dança do rotativo bailarico democrático... passemos à autópsia!
Morreu de morte (macaca) matada? Foi suicídio, assassinato? É que como na leitura dos livros policiais, apetece perguntar quem lucra com o passamento do Sr. defunto. Serão os mesmo que Saldanha Sanches tão veementemente e justamente crítica?
Não me recordo de ter lido o livro mas acho que já vi este filme...