terça-feira, dezembro 26, 2006

Representações

Vale a pena regressar ao tema da nossa representação na Bienal de Veneza e ler as afirmações de Pancho Guedes em entrevista à revista Arquitectura & Construção N.º 40 de Dezembro/Janeiro:

O tema da bienal interessou-lhe?
Sim, pareceu-me que era um tema estupendo falar da Grande Lisboa. Mas no fim não apareceu nenhuma grande Lisboa...
Como assim?
Bom, eu não consigo perceber bem como isso aconteceu. Foi acontecendo através de uma série de direcções, de maneiras que quiseram encarar o problema...
Diz isso como um lamento?
Sim, porque afinal o pavilhão desenvolveu-se num pavilhão grande e em três pequenos, sem que houvesse qualquer tema específico sobre as cidades. Um tema que até tinha sido extremamente bem escolhido, porque era a primeira vez que se tentava compreender e visualizar o que são estas macrocidades.
Mas o que falhou em todo esse processo?
Não sei, ainda havemos de falar sobre o assunto, para ver como é e como não é.
De qualquer maneira, se fosse hoje voltava a aceitar o convite?
Não sei... seria muito mais cauteloso, e muito provavelmente não quereria envolver-me. Mas, por outro lado, proporcionou-me interesses e divertimentos que em muito compensaram.
Explique melhor...
(...) quando estive agora na cidade enquanto estávamos a acabar o pavilhão, fiz muitas visitas e tirei imensas fotografias a obras e a pessoas.

Numa altura em que a atribuição de subsídios à cultura (e o soundbyte - ui! - da "subsidiodependência") excita as cordas vocais das mais cristalinas gargantas (fundas) da discografia do nacional-liberalismo, talvez este assunto (das representações "do melhor das nossas artes" na estranja) mereça alguma atenção para além da atenção que lhe é devotada pelos dois tugas (eu e o meu alter ego...) do costume.