sábado, maio 13, 2006

Os Intelectuais

"A crítica em geral saudou o romance com um silêncio glacial - mas alguns aproveitaram para desopilar o fígado. O próprio Paul Valéry fez uma careta: "A vida é demasiado curta. Proust é demasiado longo". Louis-Ferdinand Céline esgrimiu a sua proverbial truculência: "Proust explica demasiado para o meu gosto: trezentas páginas para nos explicar que Tutur 'enraba' Tatave é um pouco de mais" (...) O diálogo arrancou não exactamente da forma mais profunda: "Gosta de trufas?", perguntou Proust. Joyce encolheu os ombros e respondeu: "Sim, gosto". "Nunca li o Ulisses", confessou Proust. "Não se preocupe", resmungou Joyce. "Eu tão-pouco li os seus livros". A seguir, o francês queixou-se amargamente do seu estômago e o irlandês dos seus olhos."

O festim dos génios, Paulo Nogueira, Actual, Expresso