domingo, abril 02, 2006

Raposão no "Labirinto da Saudade" das Cidades Portuguesas

"Se a jornada mental de Raposão subisse, do seu século IXX ao XXI, e da primeira praça pública de Portugal à segunda no Porto, deparar-se-ia ele em espaços bem mais áridos do que o deserto de Efrém. Procuraria em vão o seu ladrilhinho, incapaz de acertar com o país a que respeitava, e aparecer-lhe-ia pela frente um douto arquitecto, desprezando-o por nem sequer valer a pena tentar convertê-lo a opções minimalistas, (...)"
"Lá se vai o ladrilhinho da Avenida dos Aliados, empurrado pelo pavimento subscrito por alguns filósofos "ratés".
Decidamos então a quem pertence uma cidade, se a quem a vive, reinventando-a nisso, ou a quem a reinventa, impondo-a solertemente aos outros."
"A compulsiva rasura do que está, se não terminar compreendida por uma psicanálise em galopante descrédito, há-de achar-se equiparada ao comportamento de uma barbárie que privilegia a pureza da linha sobre a genuinidade da emoção, (...)"
"Globais como andamos, a operar a electrizante colagem de bairro de lata e arranha-céus, dificilmente ascenderemos a algo que não seja impiedoso, posto que susceptível de colher o sufrágio de quem do passado conhece tanto como do futuro que haverá de nos caber."

Excertos de "Adeus, Ladrilhinho" de Mário Cláudio publicado no Expresso de 1 de Abril de 2006

E ainda dizem que não há "crítica de arquitectura" em Portugal...