terça-feira, fevereiro 21, 2006

História de um Rico Homem Pobre *

Eu nem sei como contar isto... eu não sei como (nem se devia...) mostrar isto!
Parei à beira da estrada, para tirar uma fotografia de uma construção que sobreviveu à abertura de uma nova rua, uma "variante" (mailasuas duas rotundas) e que por essa razão, passou a estar "visível".
Pedi autorização, para a fotografia, a um senhor que trabalhava na horta, e que, soube depois, era o dono. "Feliz" com à minha curiosidade, convidou-me, com uma amabilidade que infelizmente já não é deste mundo, a dar a volta pelo caminho em terra, para entrar e visitar a parte da frente "que - insistia - é onde está o mais bonito... os toureiros e os palhaços". Não resisti.
Não é, não me pareceu que fosse, pelo que vi, e pelo que me contou o Sr. JC, o "proprietário", mas como esta palavra soa despropositada... a sua habitação "permanente".
Mais que um apoio agrícola... um refúgio ou um santuário, para sua (e dos seus amigos) utilidade e prazer.
Explicou-me como recolhe os cartazes dos circos abandonados pela vila para forrar as paredes, mostrou-me as perucas de palhaço que tirou de uma mala ao pé-da-porta, com que "actua" no espaço do lado, e para o qual construiu uma porta de saída de emergência... pediu desculpa, por apenas me oferecer um copo de vinho, que, com amabilidade, não provei.
E para além de saber trabalhar a terra, constrói, também com as suas mãos, aviões, de...
- Esferovite ?
- "Não, aquela coisa das paredes".
- Ah!, sim.





































* "História de um Pobre Homem Rico", Adolf Loos