domingo, dezembro 25, 2005

Wet Xmas

O Natal, informação de última hora, comemora o nascimento de Jesus. Corrijam-me se estiver enganado, mas é suposto ser um dia de alegria... e num dia de alegria, deixamos as tristezas à porta... Calculo que para um "crente" Cristão, o nascimento de Jesus Cristo não seja mais do que uma fatalidade no seu trágico destino "divino", capaz de "afundar" em melancolia o mais convicto dos celebrantes... Será por isto, que na Blogosfera se reproduz, com os votos de um Bom Natal, "The Lamentation over the Dead Christ" de Andrea Mantegna? (mais "apropriado" para a Páscoa...)

Este ano, mais uma vez, não houve direito a um White Christmas, o que aliás, seria religiosa e historicamente incorrecto, mas a um (Freudiano e super incorrecto) Wet Christmas... Um Natal molhado, húmido.
Isto quem anda a deixar os seus pensamentos pela Blogosfera, molha-se, mas pensa-se pouco, na pobre da arquitectura, que muitas vezes nem têm um telhado para se abrigar...
E no entanto, todos sabemos, das metamorfoses de que a arquitectura é capaz, quando húmida, molhada. Reparei hoje, pela primeira vez, na água que ao escorrer escurece, o betão na "travessa" que mantêm em paralela e vertical posição os pilares do maior vão da ponte Vasco da Gama... qual "pala" do Pavilhão de Portugal...
E nestes pensamentos me encontro, até parar para tirar o "ticket" na portagem do Pinhal Novo, e logo depois rever, ao olhar em movimento para a esquerda (que perigo!) as faixas de sedimentos acumuladas no muro de suporte em betão do (primeiro) viaduto... causadas pelo escorrimento superficial das águas... como num estúdio Rémy Zaugg de Herzog & De Meuron... nunca antes fotografado!

Recordo uma visita a uma obra para uma sala polivalente numa EB1, como agora se chamam... Passeio demoradamente pelo exterior, até ser surpreendido pela chuva. Entro por um vão (ainda) sem vidraça, para me proteger. Olho em frente para uma janela que desenhei, rente ao chão, com dois metros de altura por quatro de largura, que se encontra afastada 1,5 M de uma parede cinzenta, em reboco, ainda por pintar. Os pingos de chuva, batidos pelo ventos, caiem no pátio, despenhando-se a 45º contra a parede. Tenho a certeza... pelo menos desconfio, que (egoísta) alguém fez aquela "pintura" só para mim. Podia te-la fotografado, ou melhor, filmado, se isso de alguma coisa servisse. Depois fui-me embora.