quinta-feira, janeiro 05, 2012

ODP das regras

dei uma geral pelos "outros"
procurei uma frase, uma expressão, umas poucas palavras, que ainda que correndo (sempre!) o "risco" de mal-citar, fossem (também por esse processo de "estranheza"...) reveladoras do "pensar" (no escrever) dos seus autores
saiu-se-me assim:

"forma sensata" - Duas Casas em Santa Isabel, Ricardo bak Gordon
"plasticidade una, sem excessos" - Campo de Futebol de Custóias, Guilherme Machado Vaz
"recusa de um protagonismo visual" - Pousada de Estoi, Gonçalo Byrne
"não é (...) um lugar em si mesmo" - Metro (Estação da Maia), João Álvaro Rocha
"espaços de forte identidade arquitectónica" - Superfície Comercial Mafamunde, José Fernando Gonçalves
"aspira a um sistema claro" - PT (Customer Care Center...), Aires Mateus
"o betão branco é sinónimo da modernidade como interface" (...) - Mosteiro de Tibães, João Carlos dos Santos
"reforço da simetria do conjunto" - Casas Mortuárias de Alhandra, Pedro Matos Gameiro
" 'fusão' entre a nova construção e a paisagem" - Piscina em São Miguel, Barbosa e Guimarães
"A construção é virada do avesso" - Centro Social e Paroquial de São Martinho de Brufe, Imago
"os planos suspensos enquadram vãos" - Estação Biológica do Garducho, Ventura Trindade Arquitectos
"Não deverá competir nem 'aproximar-se' do monumento" - Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Alexandre Alves Costa, Sérgio Fernandez e Luís Urbano
"Os edifícios devem ser simples" - Igreja em Portalegre, João Luís carrilho da Graça
"o equilíbrio ou o melhor dos dois mundos" - Escola Superior de Música de Lisboa, João Luís Carrilho da Graça
"O paradoxo ditou o conceito" - Museu do Vale do Côa, Pedro Tiago Pimentel e Camilo Rebelo

espero, agora, depois disto, que possam então formar uma boa, uma melhor, imagem do que é a "arquitectura portuguesa"
quem sabe, mesmo, possam começar a praticá-la...
com este rigoroso conjunto de uma (boa) dúzia de "regras" não deve ser difícil...

26 Comments:

Blogger alma said...

Conheço a escola de música
o auditório é bonito :))))
Vazio é perfeito...

tenho de ir a foz côa

12:03 da manhã  
Blogger AM said...

se for pelas ex-scut's veja se acerta LOL :)))

12:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bonito! Um ano em revista...
Muito apaziguador e um verdadeiro caminho das pedras até á Páscoa.

Parece o Borda de Agua:)))

João Fragoso

10:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

agradecia-lhe, obrigado:

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N16878

11:21 da manhã  
Blogger jraulcaires said...

Às tantas com eles já só falam uns para os outros e já não ouvem ninguém também não lhes ligo (muito).

11:25 da manhã  
Blogger jraulcaires said...

Caro anónimo da petição: compreendo muito bem a posição, até vou pensar em subscrever, mas no fundo, as disputas correntes entre engenheiros, arquitectos, os diversos especialistas, são apenas reflexo do nosso atraso em todas as áreas, mas principalmente no que à cultura diz respeito. E a "fomeca" de trabalho a ajudar, mas a fomeca também decorre desse atraso, da falta de preparação e de visão das pessoas. Com em qualquer projecto, uma muito estreita colaboração entre engenheiro e um arquitecto (independentemente de quem é o responsável, para mim são os dois) pode resultar numa barragem melhor, mais bem desenhada, tal como todo o trabalho de Engenharia implícito numa obra com o estádio de Braga tem certamente muito mérito. Aqui em Almada até existe um elevador concebido por um escultor. Tá fixe, por sinal. No meu ponto de vista estritamente pessoal interessa-me muito mais os resultados, a qualidade, do que saber quem manda. e quanto mais participado for um projecto, quanto a mim, melhor será. estou perfeitamente à vontade com este assunto até porque acho que as ordens deviam ser todas extintas. a própria barragem "em si", no Tua, já questiono mais... cumprimentos.

11:39 da manhã  
Blogger AM said...

obg, JFragoso
pensei num corte e cola dadaista (ou cubista ou outro ismo qualquer da mesma época)
devia ser exercício obrigatório em todas e em cada uma (reforma ODP para o ensino) das (278) escola de arquitectuga

eu já não sou muito de "petições" (não sou nada petiçófilo...) mas esta bate os recordes da cretinice
o jraulcaires (obg.), para minha grande sorte, já escreveu porquê
(só falta uma petição contra os engenheiros assinarem "obras-de-arte"... valha-me santo bastonário...)

9:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu penso que a petição tem oportunidade pelo seguinte que passo a explicar: os arquitectos deviam apenas assinar obras decorativas (de superfície ou fachada). Eles tem jeito para esse tipo de desenho que requer imaginação artística/emocional. A estabilidade das estruturas, ergonomia e funcionalidade espaciais, são problemas de engenharia. A profissão de arquitecto está condenada a desaparecer se não procurar rapidamente este enquadramento.O país não tem recursos para sustentar arquitecturas artísticas. Temos assistido a uma arquitecturalização do habitável que só é compreensível numa sociedade sem rumo onde o capital financeiro impõe a sua lei selvagem. O arquitecto Souto Moura é um bom exemplo dessa arquitecturalização que gera construções insustentáveis e emocionais. Não quero nem imaginar uma barragem projectada por ele. Porque não convidá-lo a fazer umas pinturas de superfície depois da obra concluída? Ou preferem que ele faça uma barragem de pernas para o ar como aquela casa que ele apresentou na Ordem dos Engenheiros aqui há uns anos? Pensem nisso!
Jesus Mendes

12:41 da manhã  
Blogger jraulcaires said...

Jesus Mendes: he he he. Teve piada. Às vezes acordo deprimido a pensar que há tipos que querem espetar connosco na idade média. A ideia de pôr os arquitectos a fazer pinturas rupestres é genial. Porque é que nos andamos aqui a chatear tanto, tipo a estudar, a estudar, a pagar IVA a 23% sobre tudo e mais alguma coisa, a aturar os políticos, etc ´quando podemos regredir rapidamente até à idade da pedra (estou a falar do Paleolítico). de qualquer modo isto vai tudo com os porcos, então, mais vale rebentar com tudo já.

4:49 da manhã  
Blogger AM said...

Jesus Mendes

muito obrigado pelo seu comentário (humor fino é logo outra coisa)
tem consciência claro, que "arquitecturas artísticas", é um pleonasmo
recomendo-lhe a leitura de Robert Venturi e Denise Scott Brown (para o caso de não os estar já a ler...)
depois, se quiser volte a comentar
arquitectos em barragem (não, não era essa a minha ideia...) não são caso novo
conhecerá, por certo, as obras de Cassiano Branco

jraulcaires

não digas mal da idade média (nem do paleolítico)
penso que ainda temos muito a aprender com esses passados :)

1:05 da tarde  
Blogger jraulcaires said...

Bom, ok, o meu registo também era o da brincadeira. Justamente, não tenho assim tanto a certeza de que "arquitecturas artísticas" seja um pleonasmo... a pintura da caverna é "arquitectura artística", mas o que dizer com a escolha do lugar, no Neolítico, para o assentamento, ou de um monte alentejano: é arte? e não é Arquitectura? Às tantas, sei lá...

1:40 da tarde  
Blogger jraulcaires said...

Peço desculpa, é que, para mim, "arquitectura artística" não é um pleonasmo. É uma coisa que não quer dizer nada. mas posso estar enganado.

1:42 da tarde  
Blogger AM said...

sou eu que não faço diferença entre Arquitectura e Arte :)
Arquitectura é sempre "artistica"
não precisamos de querer dizer nada :) temos que descomplicar :) as palavras são um vírus :) complicam tudo :)

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Lamento mas parece-me terem entendido mal o meu ponto de vista: defendo um reenquadramento profissional dos arquitectos como responsáveis por uma especialidade artística que deverá ser orientada pelas engenharias (civil, do ambiente e outras). Uma ponte, um hotel, um hospital, uma barragem, um edifício habitacional são obras que implicam acima de tudo racionalidade e não artisticidade. Não podemos brincar com recursos que são escassos e que devem ser equitativamente distribuidos por todos. Os problemas estruturais, ergonómicos, funcionais e ambientais que estas obras implicam não se resolvem artísticamente/emocionalmente, mas sim pelo pensamento lógico/científico, como sempre aconteceu nos melhores momentos da história da humanidade. Não nego a artisticidade, o ilusionismo ou a emoção. Eles são importantes também e são eles a especialidade do arquitecto (e também do pintor ou do músico). A obra, a construção e a sua funcionalidade e eficácia pertencem ao mundo das engenharias, cuja complexidade não é explicável em duas palavas e muito menos a leigos. Repito: porque não propor ao aqrquitecto Souto Moura a decoração de fachadas (ou empenas), e o embelezamento de barragens? Julgo que qualquer arquitecto pode obter a certificação para este tipo de projecto decorativo. Socialmente passaria a ser bastante mais útil do que é neste momento evitando desnecessários confrontos com os técnicos habilitados para construir.
Jesus Mendes

3:34 da tarde  
Blogger AM said...

LOL :)))
cada vez melhor :)))
só para precisar, então :)))
nega aos arquitectos a faculdade (esta foi boa) do "pensamento lógico/científico"
admite ao menos, entre a lógica e a arte alguma ponte!? (desenhada, evidentemente, por quem sabe de desenho...)
estamos condenados ao desentendimento das respectivas "competências" (não sei se considera a "emoção" uma "competência"...) disciplinar como os hemisférios (esquerdo e direito) estão condenados à divisão...
aguardo com ansiedade :)))

3:55 da tarde  
Blogger jraulcaires said...

Acho delicioso: "a complexidade das engenharias não é explicável em duas palavras pelo menos a leigos"... nem vou mais longe: Jesus Mendes, em que é que não é "leigo"?

4:10 da tarde  
Blogger AM said...

felizmente, como ensina, nesta mesma posta, o insigne JLCG, os edifícios devem ser simples :))) longe dessas engenhosas complexidades que tolhem a emoção de Jesus Mendes :)))

4:24 da tarde  
Blogger alma said...

AM e JRCaires :)
Tanto barulho para nada :))

A justificação do Siza para os seus tectos falsos no livro do JF ... se aquilo não é pura decoração :))) vou ali e já venho.

O Jesus Mendes subliminarmente utilizando uma fina ironia sintetiza o pensamento critico aqui do ODP eh eh eh eh.

Hoje os arquitectos portugueses na sua maioria não passam de decoradores de fachadas :)
poderá ser duro mas é pura verdade.

5:27 da tarde  
Blogger alma said...

Concordo com o Jesus Mendes :)
Cada Macaco no seu galho :)

A ideia do Souto a desenhar barragens é tão parola como o santana lopes pensar no Gehry para o parque Mayer :)))

5:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Está visto que os senhores (arquitectos) não assinam a petição. Vejo que não existe abertura para compreender o meu ponto de vista. Mesmo assim, darei uma última achega. Eu não nego a possibilidade do pensamento lógico-científico aos arquitectos, pelo contrário, procuro explicar-lhes, à luz desse pensamento, que a sua arte, a arquitectura, recorre à emoção para se afirmar como arte. A emoção é aceitável dentro de determinados limites: no caso da arquitectura, a superfície, a fachada. Quando os ultrapassa dá origem à entropia (absurdo construtivo, estrutural e ambiental). Para justificar os disparates presentes, normalmente, os senhores recorrem àquilo que chamam a 'história da arquitectura', o período barroco ou gótico, onde julgam encontrar justificações para a ineficácia construtiva, funcional e ambiental que propõe, em nome de uma hipotética originalidade artística (que mais parece uma forma de histeria). Esquecem-se porém, que os arquitectos do gótico e do barroco eram, primeiro que tudo, engenheiros,isto é, construtores empíricos. Com essa função acumulavam a de arquitectos superficiais, embelezando superfícies/fachadas. Será esta realidade tão difícil de compreender, mesmo para pessoas como os senhores que vivem toldados pela emoção? Pensarão os senhores que foi a emoção que ergueu a ponte sobre o Tejo ou o aqueduto das àguas Livres ou os Jerónimos? Que foi a emoção que inventou o telemóvel que os senhores usam para chorar histericamente quando são contrariados (como eu vi, certo dia, acontecer a uma arquitecta que numa reunião de obra telefonou ao marido a chorar)? Tentem ser um pouco mais humildes e compreender (á luz do pensamento lógico-científico) que a verdade que querem impor ao mundo é a do individualismo exacerbado, da vaidade pessoal, da afirmação a qualquer preço. Já ninguém os atura. Passem bem.
Jesus Mendes

5:50 da tarde  
Blogger AM said...

alma

permita, parcialmente, discordar :)
o desenho das "fachadas" é uma das "áreas" em que os arquitectos mais têm "perdido"
as "fachadas", estão sujeitas a um sem número de "regras", que atiram a sua (eventual) "artisticidade" para as ruas da amargura (criativa)
mais facilmente um arquitecto "manipula" um índice, uma densidade, que uma fachada...
mas onde os arquitectos podem brincar é no interior :)
pense, por exemplo, num daqueles quartos de hotel alí para os lados do rio, a Belém...
os arquitectos serão então decoradores, mas mais de interiores :) que de fachadas :)
mais do pladur, que da "obra-grave" :)
quem me dera a mim, ser decorador (leia-se, "compositor") de fachadas
não é esse, não foi sempre esse, o "nosso" papel? :)))
cada macacao no seu galho é de um reaccionarismo atroz :)
quem nunca trocou macacos não é bom arquitecto :)))

6:05 da tarde  
Blogger AM said...

está aí alma
preciso, sniff, sniff, de chorar ao telemóvel... LOL :)))
o Jesus Mendes encarna o fantasma do Hannes Meyer na idade da blogo :)))
os arquitectos do gótico eram acima de tudo mestres pedreiros (chamar-lhe engenheiros ou arquitectos faz o mesmo - pouco - sentido)
mestres pedreiros que "esqueceram" o latim, mestres pedreiros sem outro latim que não o da emoção...
mestres pedreiros que deram forte e feio nas fachadas como nas sublimes filigranas do interior
errei (ODP errou) :)
é de Álvaro de Campos (e não de RV/DSB) que Jesus Mendes está a precisar
"Eu fingi que estudei engenharia" LOL

(concordo que a maior parte das arquitectas não deveria passar da fachada LOL)

6:26 da tarde  
Blogger AM said...

Jesus Mendes
conhece a análise que Peter Blundel Jones faz do hangar de Orvieto de Pier Luigi Nervi?
é bastante revelador de alguns equívocos que ainda persistem entre o que é arquitectura e o que é... outra coisa qualquer...

6:41 da tarde  
Blogger jraulcaires said...

Bah, esta conversa é toda surreal. só me meti nela porque cheguei a pensar que o Jesus estava a brincar, e, depois, porque às tantas, há toda uma geração de "engenheiros", a começar pelo senhor Fernando Santo que foi ou é Bastonário que ainda é capaz de sustentar este tipo de conversa. Em especial quando toda a prática de engenharia se limitou a ser ter "encornado" as sebentas do Técnico no tempo do Estado Novo. Nada disto me merece grandes considerações: antes de haver telemóveis as pessoas já choravam e há já muito tempo que plantam batatas, ou o Jesus Mendes não come batatas? há que haver o mínimo de senso comum, caramba, às tantas nem vale a pena gastar tanto latim.

9:42 da tarde  
Blogger jraulcaires said...

Adenda: ainda existem engenheiros muito ignorantes, mas que são capazes de aprender. Então, de certo modo, as palavras são importantes. Uma pessoa, até para trabalhar, tem que lidar com vários interlocutores, e então, precisa de aprender a explicar as coisas de maneira a que todas as pessoas entendam. Os engenheiros não são permeáveis, em geral, a grandes elocubrações teóricas. Não precisam, por exemplo, de ler o C&C, etc... mas há maneiras simples de lhes colocar as questões. Isso, claro, se não tiverem as artérias já todas entupidas. e não é desrespeito em relação à idade, porque há artérias que nunca entopem, outras que já nasceram entupidas. Penso assim. cumprimentos.

10:02 da tarde  
Blogger AM said...

só por causa disto tudo e das artérias entupidas (e não estúpidas) :) esta noite vou-me deitar com um alipza de 2 mg no buxo :)

o JM está, julgo :) a reinar, mas tem razão o jrcaires, é capaz de haver por aí muita gente com obrigação de saber mais que engole isto dos arquitectos às fachadas

1:42 da manhã  

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