Miolos
É pá, tu não me "curte-circuites" todo...
Seguindo os Venturis, podemos e devemos ter a humildade necessária para aprender com tudo (Learning from Everything) mas daí até olhar para o famoso Freeport como uma qualquer espécie de ilustração da teoria do duck e da decorated shed...
"Alcochete" é um parque temático, é arquitectura "tardo-capitalista", é a Las Vegas "corporativa" do ano 2000 (e não a “gloriosa” Las Vegas mafiosa – com ou sem aspas… - que os Venturis estudaram e "cristalizaram" no final dos 60's).
O Freeport é arquitectura espectáculo nas suas diversas "vertentes" de coisa feérica e "grave".
Repara como o alçado da segunda foto quase podia ser um museu do Piano (salvo seja...) apreciado pela melhor "crítica" arquitectónica dos BCBG das UMC...
Aquilo não é duck nem shet, perdão, shed.
Aquilo são bicos de pato, penas de ganso, pipis de aves e outras vísceras malucas!
Aquilo é "o" ornitorrinco do Pacheco (do Pacheco que merecemos...)
Só não lhe peçam é miolos...
Seguindo os Venturis, podemos e devemos ter a humildade necessária para aprender com tudo (Learning from Everything) mas daí até olhar para o famoso Freeport como uma qualquer espécie de ilustração da teoria do duck e da decorated shed...
"Alcochete" é um parque temático, é arquitectura "tardo-capitalista", é a Las Vegas "corporativa" do ano 2000 (e não a “gloriosa” Las Vegas mafiosa – com ou sem aspas… - que os Venturis estudaram e "cristalizaram" no final dos 60's).
O Freeport é arquitectura espectáculo nas suas diversas "vertentes" de coisa feérica e "grave".
Repara como o alçado da segunda foto quase podia ser um museu do Piano (salvo seja...) apreciado pela melhor "crítica" arquitectónica dos BCBG das UMC...
Aquilo não é duck nem shet, perdão, shed.
Aquilo são bicos de pato, penas de ganso, pipis de aves e outras vísceras malucas!
Aquilo é "o" ornitorrinco do Pacheco (do Pacheco que merecemos...)
Só não lhe peçam é miolos...
10 Comments:
o freeport (o nome é sugestivo :)
chamar aquilo... de arquitectura espetáculo acho mt generoso, aquilo é o centro comercial do portugal dos pequeninos .
Miolos :)?!
não ofenda o cassiano :)
a despropósito ("declaração de desinteresse"...) eu nunca pus os pés no freeport
miolos, sim... :) a maria sabe que eu sei que a maria sabe... :)
:)fez bem não perdeu nada :) podia ficar deprimido :)))
miolos, mais um bom remate...
ou mal... diz que até tem uns preços jeitosos e assim mais em conta...
mas, então, o preconceito... snob até ao fim... :)
antes snob que pato :)
ou galinha (sem cabeça) :)
essa agora foi profunda :)
Como deves calcular, António, esta foi uma pouco inocente blague à volta da actualidade política, cultural, arquitectónica e ética, num tema que está na moda, e sendo graça, coube-me o gesto de te homenagear no teu “gosto” pelo Bob Venturi.
Dizes bem do Learning From Las Vegas como manual de uma certa “openness” do olhar do arquitecto sobre o mundo. É, sem qualquer dúvida, uma das mais bela lições do séc.xx – até no feio poderemos encontrar o bonito, tenhamos olhos para o poder olhar. E transformar. Transformar parece-me a palavra chave desta leitura. Transformar o banal, o feio, o pouco virtuoso, (sim, isto é também uma questão de moral), resignificando-o, em qualquer coisa de belo, único, bom. Todo um programa estético e ético, se porventura a estética não é já matéria ética. Ou de vida.
Tecnicamente até poderemos traçar o paralelo entre o dito alçado com aquelas evocações de velas, com a decorated-shed. Não é aquela estrutura espacial submetida a uma ditadura do programa e depois ornada com a dita metáfora fluvial? Por outro lado, e com um bocadinho de esforço, até poderemos encontrar aproximações da duck-shed com aquelas arquitecturas – e julgo estar a ser generoso no qualificativo daquelas atrocidades culturais como “arquitectura”. Ora, é aqui, neste preciso ponto, em que os architectural systems of space, structure, and program are submerged and distorted by an overall symbolic form, ali Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, que nos detemos em perplexidade. E depois atravessamos a ponte na verificação de que symbolic form é aquela. E aqui, o pequeno ponto, é já um território vasto de perturbação. Se me é permitido, a questão que se coloca aqui é já ideológica e política. Que symbolic form é aquela e o que é que representa? O que é aquele derrame de nostalgia ruralizante e que valores apresenta e, orgulhosamente, desejará propagar? Enfim, que mundo ali se propõe?
As lições equívocas do Estado Novo a propósito de uma arquitectura popular portuguesa, unívoca e unitária, ainda moram no subconsciente do nosso “mercado” - não esqueçamos que lidamos com o mercado da indústria da construção civil e com o mercado cultural. O “gosto” ali proposto, o mundo ali ostentado, com todas as implicações ideológicas em que incorra, é um mundo fascizante. Perdoe-se-me a força desta palavra mas não se encontra outra para exprimir a carga retrógada, obscurantista, inculta, manipuladora – em sentido ideológico -, revestida num glamouroso e leviano embrulho de “modernidade” e “cosmopolitismo”. Para além do equívoco cultural e arquitectónico que ali se exibe o facto pernicioso que se deverá assinalar é o carácter reaccionário do complexo comercial.
Não é “apenas” a disneylandização do mundo, nem a espectacularização do quotidiano, como referes. Muito para além dessa Las Vegas global, tardo-capitalista, (Las Vegas será aqui um equívoco, pois a sua génese é “popular” e não corporativa), é uma construção que nos permite interpretar um momento exacto da sociedade portuguesa. Provavelmente será isso que nos assustará. Isso e a demissão da arquitectura de qualquer tentativa – tentação – crítica, mas a isso parece que já nos habituamos no nosso “viver habitualmente”, (revisto e aumentado, naquele pedaço de arquitectura).
Sabiamente as “grandes corporações globais” aproveitam estas “modas” do “gosto” local. Não se lhes exigirá uma “moral”, como parece ser moda no novo discurso anti-liberal. O que afirmo é que o ADN arquitectónico do Freeport é, na sua essência, português e contemporâneo. Desgraçadamente Salazar e António Ferro deverão estar a rir-se do outro lado.
j
muito bem
concordo contigo
(bem vindo ao "clube" camarada J. :)...)
aproveitando o teu "deslizamento" diria
"alcochete" é o fascismo embrulhado em todas as nossas estranhas "formas" de vida
e por esse ponto de vista (que muito pouco terá já a ver com o estudo do Bob e da Denise) o freeport (e muitos outros com ele...) é a "fachada" perfeita
the perfect shed!
posta do joão e "adenda" ao meu coment em:
http://khiasma.blogspot.com/2009/01/learning-from-alcochete2.html
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