quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Chá, Café ou Laranjada?

Regressei do (Moral) Kiosque (também) com a "Casa & Negócios" ("Real Estate Offer in Portugal"...) "debaixo do braço". Fiquei a olhar - fotografia da capa... - para a arquitectura (da casa dita) "cor-de-laranja" e a pensar na falta de espaço entre o discurso (e neste caso também a prática) da arquitectura (mais ou menos) "erudita" & "alternativa" e a presença (a "a-parição"...) nos me(r)dias da "arquitectura negócio"... A "Casas & Negócios", uma espécie de híbri... (mau...) entre o suplemento imobiliário do Expresso e a arquitectura fashion a granel (sei lá... por exemplo...) da "Arquitectura e Construção", é um bom exemplo dos tempos que correm... "No meu tempo"... havia uma distância... um "tempo", entre a "alternativa" e o "mainstream", entre as (poucas) revistas de arquitectura (com alguns dos primeiros projectos do JLCG ou do EJV, por exemplo...) e a produção mais... "comentada" nos espaços de maior circulação... uma saudável distância entre o "Som da Frente" (dos urbanos depressivos...) e... os "outros"...
Enfim... isto agora é mesmo assim (pá!), "live on spot!"... The revolution - ou pelo menos as guerras... - will be... televisionadas... Habitua-te!
Voltando à casa cor-de-laranja... os arquitectos Nuno Grande e Pedro Gadanho bem se arreganham com um discurso ("curto-circuito") "radical", "provoca-dor" (dos grandes consensos...) e "jovem" (!), mas acabam cilindrados por textos como o de Susana Pinheiro... textos em delirium adjectivista de arquitectura "arrojada" "original" e de "soluções (mágicas?...) inovadoras"...
Para os autores, e em particular para o Pedro Gadanho (pode ser que volte a passar por aqui...):
A "reminiscência irónica (...) da casa gadget do filme Mon Oncle (...) de Jacques Tati" não resultava mais "eficaz" com os dois (um por cada casa de banho...) óculos?
O que é que a "reminiscência" tem de "irónico"? Não recairá a "ironia" - qual gadget "neo-moderno" para as novas (e modernas...) "Tias"... - sobre o vosso próprio ("deslizante") gadget cor-de-laranja?
Da mesma maneira, valeria (valerá?...) a pena perguntar, se não existirá um "deslizamento" (de "significado"...) entre a vossa crítica à "tendência compacta, de cariz minimalista" (muito batida... realmente...) e o interior em betão à vista (muito Ando... chó... andor...)...
(Um raio a-parte... "tendência compacta", "minimalista" q.b., só conheço o texto do Moneo... mas não deve ser isso...)
Mas tudo isto são ainda questões menores e de aproximação ("crítica") à obra "fetiche" das "novas gerações"...
A casa "cor-de-laranja" pretende-se alheia a qualquer olhar "periférico", "exótico", "regionalista" e "paternalista" sobre a arquitectura ("demasiado"...) portuguesa. (O diabo é o "regionalista"...)
Mas não será, pelo contrário, o "alinhamento", de uma maneira "tão" evidente com a "tendência ex-plodida" (chega de asneiras!...) de algumas das mais brilhantes estrelas no firmamento do novo céu (redundantemente) holandês, o melhor exemplo de uma "nova" cultura arquitectónica portuguesa em défice de maturidade e (injustificado, porque incomparável...) complexo de inferioridade?...
Isto vai longo... (mas não vai longe...)