quinta-feira, julho 12, 2007

Aldeias-Lar (Ad-Missões e In-Dig-Nações)

("Isso agora não interessa nada"...)














(Bert Teunissen)

Segundo o Público Local de 28 de Junho, o "Alentejo prepara acolhimento a milhares de idosos europeus"... sim, leram bem, assim mesmo... como se os "milhares de idosos alentejanos" que cá estão não fossem também eles, "idosos europeus", com todo(s) o(s) direito(s), a um digno "acolhimento".
As "aldeias-lar", "espaços de acolhimento de idosos baseados nas habitações devolutas existentes", "são a base deste programa que é apresentado com um novo paradigma de engenharia social potenciador de um cluster no Alentejo e Extremadura espanhola (...)".

(... "engenharia social"!?... Hum!... Queres ver que o homem-velho é o novo Homen-Novo - que "veio da mata" - do Norte... europeu... Ai se fossem os comunistas...)

Segundo a mesma notícia, a Rede Europeia Anti-Pobreza/Núcleo Distrital de Beja (REAPN) considera o modelo de turismo das "aldeias-lar", como um elemento "inovador no combate à pobreza e exclusão social no interior do país" e como um novo modelo de "sustentabilidade do meio rural" que pode vir a potenciar bolsas de emprego (...) a qualificação de recursos humanos e a fixação de jovens na região".

"Contudo, há quem olhe com reservas a criação de "aldeias geriátricas". Bernardo Conejo, mestre em Serviço Social, chama a atenção para a necessidade de se encararem estes sucedâneos dos lares com "muita cautela". As informações que tem de experiências congéneres noutros pontos do globo dizem-lhe que o modelo "pode servir apenas os que têm acesso a boas reformas", havendo o risco das comunidades locais poderem vir a sentir-se "excluídas", advertiu."

"Os promotores das aldeias-lar admitem ser possível tornar extensíveis aos idosos portugueses as estruturas de apoio proporcionadas aos seus congéneres estrangeiros."

Ah, bom... se eles "admitem"...

Apenas mais uma coisa (assim como que a "justificar" o Link lá de cima).
Recebi o convite para a "vernissage" de uma das exposições do actual "roteiro presidencial" para o património. Termina com a seguinte frase: Digna-se estar presente S. Ex.ª o Presidente... etc.
Digna-se!? Mas que merda é esta do "Digna-se estar presente"? Não é a sua função? Não é para isso, para "estar presente" (sem "dignidade", nem in-dignidades...) que foi eleito pelo Povo e para o Povo, para o cargo de Presidente da República? "Digna-se", com (inaceitável) pompa monárquica a cumprir o seu dever?
As caganças (património linguístico alentejano, desconhecido dos idosos europeus a "acolher"...) desta gente dos convites...