Chuva de Projectos

Portugal tem 38 projectos de imobiliária turística em fase de aprovação, no valor global de 12,7 milhões de euros, com ênfase no Algarve e no Alentejo. "É assustador", considera Andrew Coutts, CEO da ILM Portugal, consultora e gestora de projectos turísticos, lembrando que há no país 5.500 residências detidas por estrangeiros, quando os novos projectos vêm trazer um acréscimo de quase 40 mil. "Espero que os promotores que estão a desenvolver estes "resorts" não queiram replicar a Quinta do Lago, porque não há mercado suficiente", adverte o especialista. "A quinta do Lago é o "top, top, top", É quase impossível comprar lá uma casa por um milhão de euros. Mas está perto do aeroporto e o sítio é magnifico. Se o "business plan" dos projectos se baseia em preços de venda similares, pode haver surpresas. Porque Tróia não é uma Quinta do Lago."
Que perfil de compradores é que Portugal deve atrair? lembrando que este é um mercado segmentado, que compra casas a preços que oscilam entre 500 e 5000 euros por metro quadrado, Andrew Coutts defende que "os produtos em Portugal devem orientar-se sobretudo para a classe média alta, o segmento entre os 2 mil euros e os 3,5 mil euros por metro quadrado".
O consultor chama a atenção para o facto de o mercado ser cada vez mais disputado por países como Marrocos, Bulgária ou Croácia. "Com tantos projectos e tanta concorrência que vem da Europa de Leste e até da Africa, o posicionamento dos "resorts" do futuro tem de ser muito bem analisado" sustenta. Mas Andrew Coutts sublinha que "Portugal tem um potencial enorme e pode conquistar mercado a Espanha" e que as oportunidades da imobiliária turística não estão todas na costa, mas em "vilas e aldeias de grande valor patrimonial". E cita um recente estudo em Inglaterra e Irlanda onde Portugal foi eleito o segundo país do mundo na intenção de compra de segunda residência. "O segredo está no "Value for money". Se o aeroporto estiver distante, os preços já não podem ser os mesmos", conclui.

C.A. "Chuva de Projectos", Expresso, Economia, 27 de Maio de 2006

Conforme chamada de atenção, muito oportuna do Sr. R., que agradeço. Comentários, a esta longa "posta-citação", por cuja "extensão" peço desculpa, só se alguém pegar na deixa... de outro modo, deixa para lá...